Desde os anos 2000, a incidência de câncer de mama vem aumentando, especialmente devido à detecção precoce. Paralelamente, a taxa de sobrevivência das pacientes também vem aumentando, o que motiva uma mudança na abordagem do tratamento, com maior ênfase na preservação da qualidade de vida e dos resultados cosméticos sem comprometimento do controle oncológico. A radioterapia parcial da mama (PBI) tem se mostrado uma alternativa eficaz à radioterapia total da mama, com menor volume irradiado. Entretanto, a aplicação da PBI no pós-operatório pode ser prejudicada por dificuldades na identificação precisa do leito tumoral, que pode ser distorcido pela presença de seromas e alterações cicatriciais. Assim, a irradiação pré-operatória tem sido proposta como uma estratégia para melhorar a definição do volume-alvo e reduzir os efeitos adversos do tratamento.
O ABLATIVE é um estudo de coorte prospectiva, conduzido em quatro hospitais na Holanda, envolvendo mulheres com câncer de mama unifocal, não lobular, receptor de estrogênio positivo e HER2-negativo, diagnosticadas entre 2015 e 2018. Os critérios de inclusão eram: 50 anos ou mais, tumor com diâmetro máximo de 2 cm na ressonância magnética (ou 3 cm para pacientes acima de 70 anos), e ausência de comprometimento linfonodal confirmado por biópsia do linfonodo sentinela. Foram excluídas pacientes com mutação BRCA, história de cirurgia mamária prévia, presença de carcinoma ductal in situ, histórico de câncer de mama ou outra neoplasia nos últimos cinco anos, colagenopatias ou contraindicação ao uso de ressonância magnética.
As pacientes receberam uma única dose de radioterapia ablativa (SBRT). O CTV era uma margem de 2 cm a partir do GTV (lesão). A dose foi 20 Gy no PTV(GTV) e 15 Gy no PTV(CTV). Seis a oito meses após a SBRT, as pacientes seguiam para cirurgia conservadora da mama. O objetivo primário do estudo foi avaliar a taxa de resposta…