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O carcinoma de colo uterino (CC) ainda é a quarta causa mais frequente de mortalidade por câncer em mulheres, mesmo com programas de prevenção. No final dos anos 90 o tratamento padrão era quimiorradioterapia (CCRT) baseada em platina, mas o EORTC levantou a hipótese do tratamento neoadjuvante com quimioterapia seguida de cirurgia para os estádios IB2-IIB, pela alta prevalência deste tumor nos países em desenvolvimento, com poucos serviços de RT disponíveis.
Trata-se de ECR, multicêntrico, comparando quimioterapia neoadjuvante baseada em cisplatina seguida de cirurgia após 6 semanas (NACT-S) versus CCRT baseada em platina com dose 45 a 50 Gy, seguido de braquiterapia com EQD2 de 75 Gy no ponto A para pacientes com Ca de colo uterino IB2-IIB. O desfecho primário foi SG 5 anos e os desfechos secundários SLP 5 anos, toxicidade e qualidade de vida.
Resultados: Entre maio/02 e fev/14 foram elegíveis 586 pacientes, 314 para NACT-S x 312 CCRT, idade média de 46 anos, maioria EC IIB e histologia CEC. O seguimento mediano foi 8,7 anos. Não houve diferença na SG 5 anos entre os grupos, 72% para NACT-S x 76% para CCRT. A SLP foi maior para o grupo radioterapia, 66% para o grupo CCRT x 57% para NACT-S. A progressão de doença foi mais precoce no grupo NACT-S. A toxicidade grau 3 e 4 durante o tratamento e até 8 semanas após foi maior no NACT versus CCRT (41% x 23%), principalmente por toxicidade gastrointestinal e hematológica causada pela QT. Toxicidade tardia foi maior no grupo radioterapia, com efeitos em intestino delgado e vagina.
Este ECR comparando NACT-S versus CCRT para EC IB2-IIB não conseguiu demonstrar superioridade do NACT-S sobre CCRT, mas demonstrou morbidade e qualidade de vida aceitáveis em ambos os braços.
DOI: 10.1200/JCO.22.02852
Dra. Ana Carolina Bagrichevsky Muller
Médica radio-oncologista
Centro de Oncologia e Radioterapia Francisco Martins Bastos – Hospital Santa casa de Uruguaiana/RS
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