Vacinação infantil: atenção redobrada aos prematuros

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(Foto: freepic.diller/Freepik)

A ampla cobertura vacinal em crianças é uma das conquistas mais significativas conduzida ao longo de décadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Quando se trata da saúde de bebês prematuros, esse tema se torna ainda mais essencial. Notavelmente, prematuros são mais susceptíveis a doenças e infecções, devido ao desenvolvimento incompleto de seus sistemas, incluindo o imunológico. Sendo assim, as vacinas são fundamentais para garantir que os pequenos estejam protegidos, favorecendo crescimento e desenvolvimento adequados.

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Recentemente, o SUS tomou medidas importantes no que diz respeito à ampliação dos critérios para a aplicação, em prematuros, da vacina hexavalente (Hexa acelular -DTPa/Hib/HB/VIP), que protege contra difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenzae tipo b, poliomielite e hepatite B, em uma só injeção. Por meio do Programa Nacional da Imunzações (PNI), foram ampliados os critérios de aplicação da vacina para bebês prematuros; agora, os nascidos com menos de 33 semanas de gestação e com 1,5 kg ao nascer têm acesso à imunização com a hexavalente – anteriormente, estava disponível para menores de 31 semanas ou com peso ao nascer menos de 1kg. A hexa pode ser encontrada nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), que estão presentes em todos os Estados brasileiros.

O esquema de vacinação com essa imunização consiste na aplicação de três doses: aos 2, 4 e 6 meses de idade cronológica, com intervalo de 60 dias entre as doses. O primeiro reforço deve acontecer aos 15 meses de idade. O segundo reforço deverá ser realizado aos 4 anos de idade, com a vacina DTP acelular, se ainda persistir a indicação. A idade máxima para aplicação da vacina hexa acelular e/ou DTPa é de 6 anos, 11 meses e 29 dias.

De acordo com as recomendações do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), as vacinas contra meningite, pneumonia, coqueluche, hepatite B, rotavírus, gripe e todas as demais imunizações devem ser aplicadas de acordo com a idade cronológica da criança prematura.

Em agosto deste ano, o governo federal abriu uma consulta pública sobre o acesso de bebês prematuros ao medicamento de alto custo, o imunobiológico palivizumabe. Estudos demonstram que, da mesma forma que os bebês nascidos com menos de 29 semanas, os prematuros abaixo de 32 semanas são muito beneficiados pelo uso do medicamento, ficando protegidos de infecções pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR). O VSR causa 80% dos casos de bronquiolite em crianças, doença extremamente perigosa para os prematuros, que nascem com a função pulmonar mais fragilizada.

Atualmente, com exceção da Bahia, Maranhão, Paraná e Distrito Federal, os estados liberam a profilaxia com esse medicamento apenas para prematuros que nascem com menos de 29 semanas de idade gestacional, além de casos de cardiopatia congênita e doença pulmonar crônica.

A consulta pública teve como objetivo registrar a opinião de famílias, profissionais de saúde, organizações da sociedade civil e sociedade em geral quanto à ampliação dos critérios de aplicação do palivizumabe pelo SUS, que passaria a incluir os prematuros que nascem com menos de 32 semanas. O resultado, no entanto, foi desfavorável à mudança nas especificações para acesso ao imunobiológico.

“Apesar de ainda termos um longo caminho a percorrer, é importante enaltecermos as conquistas no cenário da prematuridade, sendo a imunização um tema imprescindível nesse contexto. Precisamos, com frequência, revisar e atualizar os critérios para aplicação de vacinas específicas para prematuros, visto que estudos têm demonstrado que bebês que estão fora dos critérios atuais, seriam muito beneficiados pelo uso dos imunizantes. Sabemos que internações hospitalares são frequentes entre essas crianças durante toda a infância, por isso, a inclusão de mais prematuros nos protocolos de vacinação tem o potencial de diminuir custos para a Saúde, para a Assistência Social e impacta ainda o mercado de trabalho, uma vez que a família toda é afetada. Seguiremos sempre buscando equidade no acesso às vacinas para todos os prematuros”, diz a diretora executiva da ONG Prematuridade.com, Denise Suguitani.

*Informações Assessoria de Imprensa