Parece que estamos constantemente rodeados por barulhos – e dos mais diversos: o escapamento barulhento da moto, ônibus e carros nas ruas, a música alta do vizinho, as conversas nos restaurantes, as obras e construções pela cidade, música alta no fone de ouvido e por aí vai. Mas será que o excesso de barulho é saudável para a saúde dos nossos ouvidos?
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Seja em casa ou no trabalho (escritório ou home office), nem todos têm à disposição um ambiente projetado sem barulhos e incômodos, e cá entre nós, parece que o silêncio tem se tornado artigo de luxo para a maioria das pessoas.
Segundo o otorrinolaringologista do Hospital Otorrinos Curitiba, Vinicius Ribas Fonseca, os ruídos estão por toda parte e dependendo do grau, eles podem causar prejuízos à audição, e um dos principais sintomas pode ser o zumbido.
“O excesso de sons, principalmente de uma intensidade elevada acima de 85 decibéis por tempos prolongados, pode trazer o que chamamos de cansaço acústico: irritabilidade, estresse, além de alterações emocionais, como dores de cabeça e tontura. Além disso, pode causar baixa compreensão daquilo que você está escutando e até mesmo lesões na cóclea, podendo provocar a perda de audição e o zumbido”, comentou Vinicius.
O zumbido é um dos principais sinais da perda auditiva, e é possível identificá-lo como um chiado insistente ou o barulho semelhante ao de um grilo. Lembrando que ele é um sintoma e não uma doença. A causa mais comum do zumbido é a perda auditiva, principalmente por exposição a ruídos.
A perda de audição propriamente dita se dará com o passar do tempo e com a exposição cumulativa, principalmente se o paciente tiver uma predisposição para a perda auditiva.
A partir dos 60 decibéis (o mesmo que uma conversa normal), o som já é suficiente para agredir o restante do organismo e também prejudicar o equilíbrio emocional.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 120 milhões de pessoas no mundo têm a audição afetada pelo ruído. A previsão é de que, até 2050, 900 milhões de pessoas poderão desenvolver algum grau de perda auditiva (1 a cada 10 habitantes do planeta).
De acordo com Vinicius, buscar por um ambiente silencioso não é capricho, e sim questão de saúde.
“Devemos buscar por ambientes acusticamente adequados para termos uma melhor qualidade de vida, melhor produtividade e menor possibilidade de danos causados pelo estímulo sonoro. Devemos buscar esse conforto acústico desde a elaboração dos planos de ambiente de trabalho feitos por programas de Medicina do Trabalho e também pelos ambientes projetados pelos arquitetos e engenheiros, que devem levar isso em consideração”, ressaltou o otorrino.
Outro item é sempre evitar ruídos acima de 85 decibéis no ambiente de trabalho, porque tanto a intensidade quanto o número de horas que ficamos expostos a esses ruídos podem causar danos à nossa audição.
A Organização Mundial de Saúde fez uma escala de decibéis com exemplos de sons que temos no dia a dia e que, dependendo da intensidade, podem causar danos com o passar do tempo. Confira:
O fone de ouvido parece ser um amigo inseparável para muita gente. Seja para ouvir música, notícias ou podcasts, em muitos casos, sem perceber, o volume acaba ficando muito alto, causando prejuízos à audição.
“Para evitar problemas futuros, saber usar o fone de ouvido é parte fundamental no processo de cuidado com os ouvidos. O ideal é utilizá-los em um volume médio e evitar ficar por horas com o fone sem dar um descanso. Aconselhamos uma espécie de ‘repouso auditivo’: 15 minutos de descanso a cada 1h utilizando o fone, evitando, assim, possíveis lesões”, orientou o especialista.
Infelizmente, não dá para fugir do barulho, mas é possível tomar alguns cuidados para evitar prejuízos a longo prazo.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) definiu índices de poluição sonora aceitáveis. Em zonas residenciais urbanas, o limite é de 55 db de dia e 50 à noite. Em centros de cidades, o limite é 65 de dia e 60 à noite. Em áreas industriais, 70 db de dia e 65 à noite.
Quando a perda auditiva for identificada, é importante avaliar suas principais causas e manter acompanhamento médico.
“Em relação à perda de audição por exposição a ruídos, ela tende a se estabilizar se o paciente não se expuser mais a sons abusivos. No entanto, é extremamente importante manter um acompanhamento médico periódico para termos certeza que não há outra causa de perda de audição associada”, finalizou o otorrino.
*Informações Assessoria de Imprensa