Tratamento do câncer do colo do útero ainda tem barreiras

câncer colo de útero
(Foto: Freepik)

Instituído pela Portaria nº 189 do Ministério da Saúde em 2014, este ano o Serviço de Referência para Diagnóstico e Tratamento de Lesões Precursoras do Câncer do Colo de Útero completa dez anos com diversos desafios como a prevenção por meio da vacinação contra o Papilomavírus Humano (HPV), vírus causador desse tipo de tumor, e da realização do exame Papanicolau. É o que alertam especialistas durante o ESMO Summit Latin America 2024, que aconteceu no mês de março em São Paulo.

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Angélica Nogueira Rodrigues, médica oncologista e presidente eleita para 2025 da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), explica que o câncer do colo de útero é prevenível através da vacinação de meninas contra o HPV e da realização do Papanicolau entre mulheres adultas. Porém, a adesão da população ainda é baixa no Brasil onde, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer do colo do útero é o quarto mais incidente.

Anualmente, são esperados 17 mil casos novos de câncer do colo do útero no Brasil, o que representa uma taxa de incidência de mais de 15 casos para cada 100 mil mulheres, número quase quatro vezes maior que a meta da Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Aspectos como a falta de conhecimento dificultam a vacinação contra o HPV. Além disso, apenas 20% da população-alvo realiza periodicamente o Papanicolau, bem abaixo da meta de 70% da OMS. Em nosso País, onde o Papanicolau tem mais de cinco décadas como política de saúde, a mortalidade se mantém estável, demandando uma reflexão sobre nossas estratégias”, explica Rodrigues, durante o evento realizado pela SBOC e pela Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO, da sigla em inglês).

Novas perspectivas

No dia 7 de março, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec/SUS) aprovou a incorporação da testagem molecular como meio de detecção do HPV para rastreamento do câncer do colo do útero. Na prática, o teste é uma alternativa ao Papanicolau e permitirá diagnosticar mais mulheres com menos exames no serviço público de saúde, pois, se negativo, poderá ser repetido apenas após cinco anos.

“Essa é uma conquista a ser comemorada, afinal o Brasil tem o maior PIB da América Latina e também é o País da nossa região com pior índice de incorporação de novas tecnologias para o diagnóstico e tratamento do câncer”, analisa Rodrigues, que também é professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

*Informações Assessoria de Imprensa