Um ano de telemedicina: experiência do paciente e do médico

A telemedicina ingressou na rotina das pessoas em função da pandemia de Covid-19. A necessidade de isolamento social e de orientações sobre a própria doença impulsionaram a modalidade, especialmente por meio da teleconsulta. Neste um ano de telemedicina, a experiência do paciente e do médico moldaram o serviço e também a continuidade da ferramenta, que veio para ficar. 

A consulta a distância surgiu como uma opção, logo no início da pandemia, para tirar dúvidas sobre a Covid-19 e orientar os casos suspeitos. Em seguida, a teleconsulta se tornou opção para a sequência dos atendimentos com os médicos, especialmente nos casos dos doentes crônicos e outras situações que demandam um acompanhamento de rotina. Aos poucos, esta forma de telemedicina foi ganhando corpo e cada vez mais espaço, tanto para os pacientes como para os profissionais.

Confira a série do Saúde Debate sobre telemedicina:

Um ano de telemedicina em meio à pandemia

Telemedicina no Brasil: dados e mercado

Teleconsulta: o impacto da pandemia em outras áreas da saúde

Um ano de telemedicina: experiência do paciente

A pedagoga Jennyfer Micrute, de Curitiba (PR), fez uma teleconsulta em 2020, quando teve alguns sintomas que poderiam ser de Covid-19. Ela fez a consulta por telemedicina por uma clínica médica geral e se surpreendeu. “A consulta foi bem criteriosa. A médica fez várias perguntas, antes mesmo de saber sobre a minha queixa. Foi uma consulta muito positiva”, contou. A profissional ainda fez o acompanhamento posterior à consulta, para saber sobre a evolução dos sintomas. 

Para Jennyfer, a teleconsulta trouxe apenas vantagens. “Uma delas é a facilidade de fazer onde estiver, de não ter que se deslocar para isto. Lógico que para algumas especialidades, em alguns momentos, teria que fazer consulta presencial. Mas com certeza retornaria para esse tipo de atendimento, sem problema nenhum”, avaliou.

Telemedicina: experiência do médico

Assim como os pacientes, os médicos também tiveram que se adaptar ao momento e à telemedicina. Isso aconteceu de repente, em meio à pandemia. A telemedicina engloba uma série de modalidades, entre elas a teleconsulta, que atinge uma boa parcela dos profissionais.

Eles tiveram que se ajustar às tecnologias, o que incluiu a segurança e privacidade nas conexões; mudanças em prontuários; e até mesmo saber interagir de forma diferenciada com o paciente a distância.

O médico otorrinolaringologista Paulo Mendes Junior, que atua no Hospital IPO, em Curitiba, relata que a experiência da teleconsulta era uma novidade até a chegada da pandemia. “Nunca tinha feito consulta por telemedicina. Achava que era algo que poderia ser feito futuramente. Mas o futuro chegou de imediato em função da pandemia. E isso aconteceu tanto por uma necessidade nossa, pois os médicos também deixaram de trabalhar naquele primeiro momento da pandemia, também não sabíamos como seria e ficamos preocupados, como pelo receio das pessoas”, lembra.

De acordo com o médico, os primeiros atendimentos a distância na pandemia estavam relacionados a dúvidas sobre a Covid-19, principalmente. Mendes Junior acredita que o tempo foi passando e a experiência de paciente e médico com a telemedicina também foi sendo aprimorada. 

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p class=”ql-align-center”>Paulo Mendes Junior (Foto: Reprodução)

Ele acredita que a teleconsulta é uma ferramenta importante, pois o paciente se sente acolhido, mesmo que não haja a presença física. “Conversar, jogar as angústias, transformar tudo isso em conforto em orientações… Isso já é Medicina. O médico não é só um técnico para prescrever receita”, opina. 

Na avaliação de Mendes Junior, o atendimento por telemedicina em algumas especialidades é mais complicado. Na otorrinolaringologia, especialidade dele, ainda é possível verificar fazer alguns pedidos ao paciente na chamada de vídeo ou até mesmo para enviar imagens. No entanto, há uma série de procedimentos complementares que são feitos apenas no consultório. Por isso, acontecem encaminhamentos ao consultório após uma primeira orientação a distância. 

No entanto, para Mendes Junior, a telemedicina vai ajudar especialmente nas consultas de retorno e para os casos em que o paciente mostra os resultados de exames. “O paciente ganha esse tempo de deslocamento. Também se torna interessante para aquele paciente que poderia atrasar ou faltar por algum motivo, e assim remanejar para horários alternativos. Será uma alternativa, cada vez mais o paciente vai procurar por essa comodidade. E para o médico há a facilidade para um retorno, para um acompanhamento. Ainda mais agora, na pandemia, em que as pessoas ainda estão com receio e necessitam de um acompanhamento, de atendimento”, sinaliza.

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