“Sífilis. Vamos cuidar agora!”. Este o slogan da quarta campanha do Projeto “Sífilis Não”, resultado de uma cooperação técnica entre a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por meio do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS) e o Ministério da Saúde em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). A ação de comunicação, por meio de redes sociais e veículos tradicionais, tem o objetivo de alertar a população para a necessidade de prevenção, testagem e tratamento contra a sífilis.
De acordo com o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, o Brasil registra redução nos casos de sífilis em todo o território, modificando uma tendência de mais de uma década, pelo segundo ano seguido. Os dados mais expressivos dizem respeito aos casos de sífilis congênita, que apontam para uma maior testagem das gestantes e tratamento, evitando a infecção do bebê.
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A mudança de comportamento é percebida por meio dos números. A redução nos casos de detecção de sífilis adquirida alcançou o patamar de 26,6%. Já para os casos de sífilis congênita, quando a criança é infectada pela mãe durante a gestação ou do parto, é de 9,4%. De acordo com o boletim epidemiológico, a sífilis adquirida, agravo de notificação compulsória desde 2010, teve uma taxa de detecção de 54,5 casos por 100.000 habitantes, em 2020. Também em 2020, a taxa de detecção de sífilis em gestantes foi de 21,6/1.000 nascidos vivos; a taxa de incidência de sífilis congênita, de 7,7/1.000 nascidos vivos; e a taxa de mortalidade por sífilis congênita, de 6,5/100.000 nascidos vivos.
Essas reduções são resultantes de uma mudança de comportamento da população, impulsionada por políticas públicas e ações efetivamente colocadas em prática. Um dos pontos importantes nesse cenário é o Projeto “Sífilis Não”, com forte atuação em todo o território brasileiro, desde 2018.
De acordo com o documento, a questão da epidemia no Brasil mostra resultados importantes com relação à sífilis adquirida, sífilis em gestante, mas principalmente no que diz respeito à sífilis congênita. O que mais chama a atenção é que após a intervenção do Projeto “Sífilis Não”, como ferramenta de indução de política pública do Ministério da Saúde, esses dados começam a melhorar. É importante destacar que o Brasil vinha aumentando o número de casos em todos os tipos de sífilis até o ano de 2017 e, após a intervenção do “Sífilis Não” esses dados começam a decair. Essa tendência se manteve, também, no ano de 2020.
O diretor executivo do LAIS, professor Ricardo Valentim, explica que o cenário aponta para um aumento nas notificações de sífilis em gestantes, numa comparação entre os anos de 2018 e 2020. No entanto, neste mesmo período houve uma redução dos casos de sífilis congênita.
Para Valentim, as notificações de sífilis em gestantes representam que essa mulher está recebendo o atendimento adequado durante o pré-natal, mas também apontam para uma redução significativa nos casos de sífilis congênita. Ou seja: a testagem está funcionando e essa gestante está sendo tratada, evitando que a infecção seja transmitida para o bebê. “Isso mostra que o projeto ‘Sífilis Não’ tem contribuído de maneira importante, como ferramenta de indução de política pública do Ministério da Saúde para a redução dos casos de sífilis em todo o país. Esse é um dado que merece ser comemorado, mas sempre alertando a população para a consciência quanto à prevenção, testagem e tratamento em relação à sífilis”, ressaltou o diretor do LAIS.
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