Transtornos mentais podem ser causados pela violência? Entenda a relação

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(Foto: Freepik)

A palavra violência costuma ocupar um espaço de preocupações diárias. Em termos gerais, é comum associá-la a agressões físicas e ações cometidas com a intenção de causar dor, dano ou sofrimento e o brasileiro sabe bem disso, já que o Brasil é o 9º país mais violento do mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). De acordo com a agência da ONU, a cada 100 mil pessoas, 31,1 são mortas.

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A OMS define a violência como o uso de força física ou poder, em ameaça ou na prática, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que resulte ou possa resultar em sofrimento, morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou privação. “A violência por si só não é capaz de fazer com que uma pessoa desenvolva um transtorno mental, mas é um gatilho muito forte para uma crise de quem já tem uma predisposição”, comenta Solange Tedesco, terapeuta da SIG – Residência Terapêutica.

Em uma discussão ampla e importante, voltamos para a problemática violência e saúde mental, que pode entrar em três categorias, segundo a especialista: os indicadores de violência como um dos fatores de correlação a problemas de saúde mental, o estigma que a ‘desrazão’ é normalmente inferida aos quadros psiquiátricos como os que causam temor, e a violência, necessária ou suficiente, aquela que, muitas vezes, extrapola a ética do cuidado, em relação ao tratamento involuntário ou compulsório que algumas situações de crise impõem.

Frente às terríveis cenas de violência contemporânea, no nosso dia a dia, nas imagens das guerras, da fome, do sofrimento de doenças e pobreza e nas desigualdades do próprio cuidado, podemos dizer que o sofrimento humano provocado, pode ter ‘boas intenções’? Existe violência justificada?

“Outro problema nessa definição está no termo ‘agressão física’. Sabemos que as mais requintadas formas de tortura, as que produzem uma enorme desorientação emocional, desorientação dos sentidos que podem nos causar danos irreparáveis para a mente, corpo e cérebro podem não envolver qualquer agressão física direta”, comenta Tedesco. “Temos inúmeros exemplos de violência no ambiente de trabalho e nos relacionamentos, também chamado de tóxicos, que submetem na desigualdade formas insuportáveis de existência. Talvez o termo violência possa melhor ser descrito como formas coercitivas de infligir danos, dor e morte”, completa.

Recortando essa discussão para as problemáticas da saúde, a violência pode ser entendida, de acordo com o Ministério da Saúde, como todo ato intencional de força física ou poder, ameaçado ou real, contra si mesmo, outra pessoa ou sobre um grupo ou comunidade, que resulta ou tem alta probabilidade de resultar em lesão, dano psicológico ou privação.

Aqui ressalta-se que a violência física ocorre quando uma pessoa está em relação de poder com a outra. Onde essa evidência é também definida? “Discutimos no dia a dia o impacto dessa temática na nossa vida. No sistema de residência urbana a cidade nos permeia nas ações cotidianas. Nossos residentes, por exemplo, transitam na cidade e assistem e participam do horror da fome na rua, de pessoas abandonadas que vivem nos arredores dos metros, dos teatros, nas ruas, assistem os noticiários e leem jornais”, explica.

Ainda de acordo com Solange, alguns dos residentes da SIG carregam marcas da violência da vida e do próprio tratamento. “Muitos ficaram anos institucionalizados, sem voz ou opinião, outros foram submetidos a extremos danos morais, financeiros e físicos, sem compreender como isso se relacionava ao seu quadro psicopatológico, muito menos ao seu tratamento”, comenta. “Falamos muito aqui sobre os fatores estressantes, individuais e coletivos e nossas estratégias, também individuais e coletivas para lidar com as condições desfavoráveis inerentes à vida.

De fato, a violência em suas diferentes frentes está sim relacionada ao risco para o adoecimento psíquico e sofrimento emocional, tanto nas vulnerabilidades biológicas, genéticas, psicológicas e ambientais como nos riscos das adversidades duradouras, principalmente no desenvolvimento de crianças e adolescentes.

“Temos, por enquanto, a tarefa da melhora possível da qualidade de vida e da qualidade de vida em saúde. A prevenção é mais eficaz. Os estilos de vida saudáveis, se possível, são mecanismos potentes de prevenção”, finaliza Solange.

*Informações Assessoria de Imprensa

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