*Por Makoto Ikegame e Cristina Cagliari
Dentre as diferentes condições de saúde que afetam a população, as enfermidades oftalmológicas são umas das mais negligenciadas, possivelmente pela falta de preocupação com a realização de exames de rotina, já que aqueles que “enxergam bem” deixam de ir ao médico com frequência. Segundo dados de 2019 coletados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), existem cerca de 285 milhões de pessoas visualmente prejudicadas no mundo, sendo que entre 60% e 80% dos casos poderiam ter sido evitados com medidas preventivas e acompanhamento médico.
Ainda de acordo com a OMS, a cegueira (perda completa ou quase total da visão), que é uma das disfunções visuais mais graves, atinge aproximadamente 39 milhões de pessoas no mundo, sendo que 80% desses casos poderiam ter sido evitados com diagnósticos precoces e tratamentos adequados. Além da cegueira, outras doenças oculares bastante comuns também podem ser prevenidas, como catarata, ceratocone, glaucoma, olhos secos, retinopatia diabética, degeneração macular, problemas de refração, alergias, infecções e lesões oculares. Boa parte dessas condições já são tão prevalentes que as incluímos em nosso vocabulário sem entender exatamente do que se tratam.
A catarata, por exemplo, é uma condição que pode levar à perda total da visão, pois torna a lente do olho do paciente mais opaca. A doença costuma atingir maiores de 60 anos, mas a boa notícia é que ela tem um tratamento bastante eficaz, que consiste na retirada do cristalino do olho e na sua substituição por uma lente intraocular. O glaucoma, que é considerado uma disfunção grave, é mais comum em idosos e também afeta a visão. Para esta doença, ainda não existe um tratamento definitivo, mas a sua progressão pode ser atrasada com o uso de colírios específicos.
Outros quadros oculares, como a conjuntivite, podem não ser tão graves, mas se não tratados adequadamente podem causar diversos danos à saúde do paciente. O tratamento para a conjuntivite, que é uma infecção na parte anterior do olho, normalmente envolve a administração de colírios e antibióticos. A degeneração macular relacionada à idade é outra disfunção causada pelo envelhecimento do corpo e que deve ser tratada com cautela. Neste quadro ocorre um edema anormal da retina, e por isso o tratamento recomendado pode passar pela aplicação de injeções de medicamentos ou mesmo chegar a uma cirurgia, dependendo da avaliação do oftalmologista.
Dentre os quadros oculares mais comuns também encontram-se as ametropias (ou erros refrativos), como a miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia, que ocorrem quando – após atravessar as diferentes estruturas do globo ocular – a luz acaba não convergindo corretamente na retina, resultando em imagens desfocadas. Desta forma, as imagens são formadas antes, depois ou de forma irregular na retina, causando dificuldade para que a pessoa possa enxergar com nitidez. Felizmente, essas ametropias podem ser facilmente corrigidas com o uso de óculos de grau ou até mesmo com cirurgias corretoras, a depender de cada caso.
Além dos cuidados específicos para tratar as disfunções visuais, é importante que as pessoas estejam atentas aos seus cuidados gerais de saúde, fazendo visitas frequentes ao consultório médico e check-ups anuais. A realização de exames oftalmológicos regulares pode facilitar diagnósticos precoces, tratamentos mais assertivos e evitar problemas visuais futuros. Para aqueles que já utilizam óculos de grau, possuem algum tipo de disfunção ocular ou têm mais de 40 anos de idade, a visita anual ao médico oftalmologista se faz ainda mais necessária. Em relação às crianças, o recomendado é iniciar os atendimentos oftalmológicos a partir dos 6 meses de idade, porém casos especiais envolvendo prematuridade ou outras doenças devem ser avaliados anteriormente.
Alguns hábitos simples também podem ser adotados no dia a dia para evitar infecções e manter o bem-estar da visão, como: não coçar os olhos, manter o grau do óculos atualizado e realizar bem a higiene das lentes de contato, evitar colocar as mãos sujas nos olhos, não se automedicar ou utilizar colírios inadequados nos olhos, limitar o tempo de acesso às telas, cuidar da alimentação e manter hábitos saudáveis, para mencionar alguns.
*Makoto Ikegame é CEO e Fundador da Lenscope, healthtech que vem revolucionando o mercado óptico brasileiro ao oferecer uma jornada 100% digital na aquisição de lentes para óculos em um processo simples, eficiente e muito funcional. A marca, que também é reconhecida por disponibilizar ao mercado brasileiro as lentes mais finas do mundo, utiliza Inteligência Artificial na oferta de produtos de qualidade superior, de forma acessível e cômoda, sem que o consumidor precise sair de casa.
*Cristina Cagliari é médica oftalmologista especialista em córnea, catarata e cirurgia refrativa. Contribui como médica colaboradora do Departamento de Ciências Visuais da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), onde realizou residência médica e está concluindo doutorado. É especializada em Administração Estratégica pela FIA, coordena a gestão de projetos sociais em oftalmologia em regiões de alta vulnerabilidade pela startup social SAS Brasil. Atua também como preceptora da residência médica e desenvolve pesquisas científicas relacionadas à inovação e empreendedorismo na área da saúde.
Leia outros artigos publicados no Saúde Debate
Conheça também os colunistas do Saúde Debate
Acompanhe mais informações na seção de Bem-estar do Saúde Debate