A apneia obstrutiva do sono, ou mais conhecida como apneia do sono, geralmente é um problema relacionado aos adultos. Mas saiba que ele também pode afetar as crianças, e existem alguns sinais que podem deixar os pais em alerta.
Caracterizada pela obstrução da garganta durante o sono, a apneia pode prejudicar a qualidade do sono, afetar o rendimento escolar e provocar alterações de comportamento, como hiperatividade e desatenção.
Leia também – Dormir bem ajuda a diminuir risco de doenças cardiovasculares
Segundo o otorrinolaringologista do Hospital Otorrinos Curitiba, Vinicius Ribas Fonseca, alguns sinais clínicos da apneia podem sinalizar uma atenção especial dos pais. “Há alguns sinais clínicos da apneia, como por exemplo, roncar, dormir de boca aberta, fazer pausas respiratórias durante a noite e ter um sono agitado e pouco repousante. Além disso, a criança pode apresentar bruxismo, ter sudorese noturna, acordar com dores de cabeça, e algumas vezes ter um comportamento durante o dia mais agitado ou desatento”, explicou o especialista.
É normal a criança roncar?
Essa é uma dúvida muito comum entre os pais, já que o ronco é frequentemente associado a um problema que afeta apenas os adultos. Mas já adiantando a resposta, não é normal uma criança roncar.
Saiba que ao dormir, os músculos do pescoço relaxam e a via respiratória superior se fecha parcialmente, dificultando a passagem do ar para os pulmões. Esse estreitamento das vias respiratórias provoca uma vibração na garganta, que gera o ruído do ronco.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia, cerca de 10% das crianças roncam, mas somente cerca de 1 a 3 % das crianças que roncam têm apneia do sono.
De acordo com Vinicius, sempre que houver uma respiração ruidosa durante a noite, é sinal de alerta de alguma obstrução da via respiratória superior.
“É claro que se a gente pensar numa situação aguda durante um resfriado, uma rinite ou uma sinusite, a obstrução nasal mais recente pode causar este ronco, mas que deve melhorar após o tratamento durante os 7 ou 10 dias durante o período do processo inflamatório. No entanto, quando perdura por mais tempo ou não está associado a sintomas alérgicos, inflamatórios ou infecciosos, é um sinal mais ainda importante para pesquisarmos os motivos do ronco e da suspeita da apneia”, esclareceu o médico.
Causas da apneia do sono
As causas da apneia obstrutiva na criança são mais associadas a episódios de processo inflamatório nasal, como as rinites, ou aumento das adenoides e das amígdalas.
No entanto, há outros possíveis agentes causadores, como a retrognatia (posicionamento do queixo um pouco mais para trás), aumento da língua ou da base da língua, e a hipotonia, que é o tônus muscular enfraquecido e que acontece muitas vezes nos pacientes com doenças neurológicas ou em pacientes com Síndrome de Down. A obesidade também pode ser um dos fatores de risco para a apneia do sono.
Além da apneia obstrutiva, existem também as apneias centrais, mais relacionadas a doenças neurológicas e que podem ser diagnosticadas em pacientes com algum tipo de síndrome ou doença neurológica, como a paralisia cerebral ou alguma doença desmielinizante, como por exemplo, a esclerose múltipla.
Consequências da apneia do sono não tratada
A apneia do sono e a doença obstrutiva das vias aéreas superiores têm uma vasta repercussão na vida da criança. Vinicius citou algumas consequências, caso não tratada.
“Além de causar o ronco e o sono mais agitado, a apneia do sono não tratada também pode causar doenças sistêmicas e alterações globais na criança. Pode haver diminuição na velocidade do seu crescimento, alterações na mordida, problemas no rendimento escolar, desatenção ou hiperatividade, comprometimento da memória, alteração cardiovascular e aumento da pressão arterial. Podemos ter também a nictúria, que é a criança voltar a fazer xixi na cama quando ela tinha esse prévio controle”, alertou o especialista.
Tratamento para apneia do sono
O primeiro passo é identificar o fator causador da apneia do sono. Se a criança tiver rinite, o tratamento da inflamação se faz necessário. Caso a criança tenha aumento das adenoides e amígdalas, a cirurgia é indicada.
Em outras situações, pode haver a necessidade do tratamento com CPAP, aparelho que previne a obstrução da garganta durante o sono, ajudando a criança a dormir melhor.
*Informações Assessoria de Imprensa