Psiquiatra e psicólogo comentam lei que cria certificação para empresas que promovem saúde mental

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Saúde Debate
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(Foto: pch.vector/Freepik)

O termo burnout é utilizado para se referir ao trabalhador com sintomas de esgotamento, estresse e exaustão. A principal causa é o excesso de trabalho, mas também por ser resultado de um ambiente tóxico criado pelo clima organizacional da empresa. Atualmente, o Brasil ocupa o segundo lugar em número de casos diagnosticados dessa doença ocupacional reconhecida e classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2022, superado apenas pelo Japão, de acordo com dados da International Stress Management Association (Isma).

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Recentemente, o governo brasileiro criou o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental, que vai identificar companhias que possuam programas de promoção da saúde mental, ofereçam acesso a recursos de apoio psicológico e psiquiátrico para funcionários, capacitem lideranças e realizem treinamentos específicos sobre o tema, assim como estabelecem uma política de combate à discriminação e ao assédio.

Para o psicólogo Claudio Melo da Holiste Psiquiatria, a implementação da lei 14.831/2024 surge como uma iniciativa louvável, mas que exige cuidado. “É imperativo questionar se essa abordagem, apesar das boas intenções, não introduzirá uma camada adicional de obrigações e burocracias sobre as organizações. Em vez de imposições estatais, talvez a solução resida na promoção de práticas autônomas de atenção à saúde mental no ambiente de trabalho, estimulando uma cultura organizacional que valorize o bem-estar dos colaboradores como pilar para o sucesso e sustentabilidade empresarial”.

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Quem está mais suscetível ao burnout? 

 Metas irreais, pressão em excesso, cobranças de clientes, são muitos os ingredientes que podem levar à síndrome de burnout, mas o psiquiatra Kayo Barboza, também da Holiste Psiquiatria aponta que se engana quem pensa que apenas executivos de grandes empresas estão suscetíveis ao esgotamento físico, emocional e mental que caracteriza a síndrome, geralmente associados a quadros de depressão e ansiedade parcialmente ou totalmente incapacitantes.

“É preciso entender que a síndrome de burnout é uma forma específica de estresse, relacionada ao desgaste emocional e comportamental no ambiente de trabalho. Toda profissão pode ser acometida por essa condição, mas as categorias que envolvem o cuidado com pessoas correm maior risco, como professores, policiais, bancários e profissionais de saúde No Brasil, esse tipo diagnóstico se popularizou entre os profissionais de saúde e de call center, estando diretamente ligado aos problemas de relacionamento com clientes e colegas de trabalho”, explica.

Três sintomas da síndrome de esgotamento profissional 

Kayo Barboza, separou os três sintomas mais comuns e que podem indicar que o trabalhador esteja passando por um quadro de esgotamento físico, emocional e mental causado pelo ambiente profissional, confira:

Exaustão física: Acontece quando o indivíduo percebe não possuir mais a energia necessária para realizar o trabalho. Já sentiu culpa por não conseguir realizar as tarefas com a mesma velocidade de antes? As principais causas da exaustão são a sobrecarga de atividades, mas é preciso estar atento porque conflitos pessoais e profissionais nas relações de trabalho também podem desencadear sintomas importantes.

Distanciamento emocional: Essa é uma tentativa do paciente de se defender da carga emocional negativa do ambiente de trabalho, como assédio moral, metas irreais e cobranças desproporcionais. Nesta etapa, podem surgir atitudes insensíveis em relação aos clientes ou colegas, podendo gerar ações marcadas pela frieza e desinteresse. Muitos profissionais acham que o distanciamento é a resposta para conseguir desempenhar as funções de maneira menos desgastante, mas é apenas o sintoma de um profissional sobrecarregado.

Sentimento de Insatisfação: Aqui não estamos falando apenas da insatisfação com o trabalho, a síndrome de burnout leva a um sentimento de insatisfação pessoal e profissional, associado à perda do prazer no trabalho e pelas atividades e hobbies que antes traziam alegria e satisfação ao indivíduo, como sair com os amigos, praticar esportes, entre outros. É comum que esse sentimento venha acompanhado da síndrome do impostor, da sensação de incompetência e baixa autoestima.

Sofrimento não faz parte do trabalho

Quando ir ao escritório se torna uma tarefa angustiante e que desperta até sensações físicas, como tremor, coração acelerado, é hora de buscar ajuda. O estresse e a pressão podem até fazer parte do cotidiano de algumas profissões, mas não quando atreladas ao sofrimento. “A dica final é caso a pessoa esteja sentindo algum grau de sofrimento emocional por conta do trabalho, o desânimo para cumprir tarefas que antes eram simples, apatia, procure o apoio de um psicólogo ou psiquiatra”, finaliza Kayo Barboza.

Para o psicólogo Claudio Melo, é muito importante que as empresas entendam que o sucesso da organização está diretamente ligado à saúde mental da equipe. Para isso, as organizações podem desenvolver atividades de diagnóstico e prevenção ao estresse no trabalho que podem ser conduzidas por profissionais de psicologia especializados nessa área. “Do lado do colaborador é importante ficar atento aos seus limites, se o trabalho está causando algum tipo de mudança significativa em seus afetos e humor, prejudicando sua rotina e rendimento, busque apoio profissional”.

*Informações Assessoria de Imprensa

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