Pesquisa revela origem da vontade de comer mesmo saciado

schedule
2025-02-26 | 14:00h
update
2025-02-27 | 00:46h
person
Saúde Debate
domain
Saúde Debate
(Foto: KamranAydinov/Freepik)

Já se pegou com vontade de comer algo mesmo após uma refeição completa? A ciência explica esse comportamento comum, revelando um grupo específico de neurônios no tronco encefálico como os culpados pela vontade de comer, mesmo sem fome. De acordo com uma equipe de neurocientistas, liderada pelo brasileiro Avishek Adhikari, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), foi publicado um estudo na revista Nature Communications que descreve a função de um grupo de neurônios na substância cinzenta periaquedutal (PAG), localizada no tronco encefálico. Esses neurônios, chamados VGAT, liberam o neurotransmissor ácido gama-aminobutírico e, quando ativados, disparam a vontade de comer, especialmente alimentos calóricos. O especialista em neurociência comportamental da plataforma Wefit, Alan Martins, explica que os episódios de compulsão alimentar estão ligados à uma fome que não é fisiológica. 

Leia também – Guia alimentar para o CarnavalAMP

Publicidade

“A ativação dos neurônios VGAT pode ser relacionada à fome hedônica – desejos de consumir alimentos para fins de prazer, na ausência de fome física – isso porque a sua estimulação induz a busca por alimentos saborosos e calóricos, mesmo quando o organismo está saciado. Por conta desse comando, a pessoa come somente por desejo ou por prazer, sem ter a necessidade fisiológica”, explica o especialista em neurociência comportamental da WeFit.

Para avaliar a função das células, os pesquisadores optaram por uma técnica chamada optogenética, que consiste em injetar na PAG dos roedores um vírus contendo o gene para a produção de uma proteína sensível à luz e, depois, com laser de cores diferentes. O que resultado provocou o estimulo ou inibiam a ação dos neurônios VGAT enquanto os animais eram expostos a diferentes objetos ou tipos de alimentos.

Os testes iniciais revelaram que, naturalmente, os neurônios VGAT se tornavam mais ativos quando os camundongos buscavam alimentos do que depois de começar a consumi-los, um sinal de que poderiam estar envolvidos na vontade de comer. Fernando, decidiu iniciar uma bateria de experimentos, colocando os roedores em uma caixa em certos momentos com um objeto novo, como uma bola de pingue-pongue ou um bloco de madeira, e em outros com um grilo ou uma noz.

Quando os neurônios VGAT eram acionados pela luz, o animal iniciava a exploração pelo ambiente e pelo objeto que desconhecia. Na caixa com o grilo, uma presa habitual da espécie, o camundongo, mesmo estando bem alimentado, rapidamente capturava o inseto e o consumia. Diante da noz, um alimento mais calórico do que o grilo, o roedor corria para comê-la. Os animais também ingeriam mais desses alimentos e de outros de que gostam, como chocolate e queijo, em contrapartida, menos verduras e legumes.

Para Alan, os gatilhos naturais que levam à sua ativação ainda não estão completamente esclarecidos. No entanto, é possível que fatores como estresse, emoções intensas ou estímulos ambientais relacionados à comida possam influenciar a atividade desses neurônios, contribuindo para comportamentos alimentares compulsivos.

“Há diferentes fatores responsáveis por distinguir a fome emocional da fome física. A forma fisiológica, por exemplo, desenvolve-se gradualmente e pode ser adiada, além de qualquer alimento ingerido conseguir satisfazer o paciente, ela também é cessada quando o estômago está cheio e não gera os sentimentos de culpa após a refeição. Já a fome emocional surge subitamente e parece urgente, ela também deseja alimentos específicos, geralmente os que são ricos em açúcar ou gordura. Vale ressaltar que ela persiste mesmo após de estar fisicamente satisfeito, além de promover o sentimento de culpa ou de arrependimento após a ingestão”, pontua o especialista.

Ainda de acordo com Alan, atualmente, não existem métodos clínicos estabelecidos para controlar diretamente a atividade dos neurônios VGAT em humanos. No entanto, estratégias comportamentais e terapêuticas podem ajudar a gerenciar a compulsão alimentar. “A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) pode ajudar a identificar e modificar padrões de pensamento e comportamento relacionados à alimentação. Já alimentação consciente, chamada de Mindful Eating, é uma técnica positiva, por ajudar a identificar os padrões automáticos negativos de pensamentos, sentimentos e comportamentos além de apoiar no desenvolvimento das capacidades de autoconsciência, autocontrole e autodisiplina.

Práticas como meditação, exercícios físicos e técnicas de relaxamento podem reduzir a necessidade de usar a comida como mecanismo de enfrentamento emocional. A atenção plena, técnica que ajuda a identificar os padrões automáticos negativos de pensamentos, sentimentos e comportamentos além de apoiar no desenvolvimento das capacidades de autoconsciência, autocontrole e autodisciplina.

Para finalizar o especialista em neurociência comportamental da plataforma Wefit conclui que descobertas como essas, sobre o entendimento dos mecanismos cerebrais envolvidos na alimentação, abre portas para o desenvolvimento de tratamentos para transtornos alimentares como anorexia e compulsão alimentar.

*Informações Assessoria de Imprensa

Acompanhe as notícias de Saúde & Bem Estar clicando aqui

Publicidade

Cunho
Responsável pelo conteúdo:
saudedebate.com.br
Privacidade e Termos de Uso:
saudedebate.com.br
Site móvel via:
Plugin WordPress AMP
Última atualização AMPHTML:
27.02.2025 - 00:51:40
Uso de dados e cookies: