Período da Páscoa pode ser gatilho para quem sofre de compulsão

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(Foto: Freepik)

A Páscoa está chegando, e o que pode ser uma boa notícia para quem espera o feriado para descansar, viajar, reunir a família, comer um bom almoço no domingo e, claro, se deliciar com ovos de chocolate, pode ser um gatilho tremendo para quem sofre de compulsão alimentar. 

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Para quem vive um distúrbio alimentar, a pressão social por comer em uma data comemorativa, aliada à associação do chocolate como um alimento afetivo da infância, pode gerar muita ansiedade e intensificar a compulsão.

A compulsão alimentar não é apenas um exagero ocasional, mas sim uma doença. “Ela é caracterizada por uma ingestão de uma grande quantidade de comida em um período muito curto, obrigatoriamente seguida de um sentimento de culpa”, diz Danielle Admoni, psiquiatra geral e psiquiatra da infância e adolescência, supervisora na residência de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp/EPM) e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).

Após esse consumo excessivo o paciente pode ou não seguir com comportamentos como tentativa de vômito ou ingestão de laxante.

A compulsão alimentar também se caracteriza por trazer prejuízos clínicos, ou seja, atrapalhar uma ou mais áreas da vida. Isso acontece quando a pessoa se importa demais com a questão da comida ou sofre alterações de peso ou de saúde.

Mas esse distúrbio tem tratamento. “É preciso identificar de onde vem essa compulsão, por que a pessoa está agindo dessa forma”, afirma Danielle Admoni. Por exemplo, a pessoa pode estar frustrada com uma situação e acabar comendo demais e se arrepender depois. “Tudo bem você comer bastante em um dia em que a comida estava muito boa, ou trouxe uma lembrança especial de um prato da avó, mas se todas as vezes em que a pessoa tem um problema no trabalho ou briga com o cônjuge ela desconta na comida, acaba virando um padrão”, diz a psiquiatra. É aí que entra a terapia, especialmente a terapia cognitivo-comportamental (TCC), para identificar esses padrões e ensinar a lidar com as frustrações e conflitos de forma menos nociva.

Alguns medicamentos também podem ajudar no controle da compulsão. Como o topiramato, uma droga originalmente desenvolvida para tratar epilepsia, mas que pode ser coadjuvante na redução da impulsividade. Mas um alerta: os pacientes jamais devem tomar esse tipo de remédio sem indicação médica, e muito menos partir para uma prática medicamentosa sem a psicoterapia como linha principal de tratamento.

Para quem costuma exagerar à mesa, existem duas orientações de ouro para seguir antes de começar a mastigar:

– Pense antes de comer. Precisa mesmo encher o prato? Sirva-se de uma quantidade menor do que gostaria. Se realmente não estiver saciado, você pode repetir. “Muitas vezes as pessoas colocam um monte de comida no prato, aí se sentem na obrigação de comer tudo”, diz Danielle.

– Não se distraia com outras atividades na hora da refeição. Esqueça o celular, deixe-o longe se não consegue resistir a dar uma espiadinha. Não coma de pé ou assistindo TV. “Precisamos realmente olhar para o que estamos comendo, perceber o momento para não acabar comendo além do que deveríamos”, diz a psiquiatra.

Com o tratamento direcionado e mais atenção plena, é possível ter uma relação bem mais equilibrada e prazerosa com a comida, sem prejudicar a saúde.

*Informações Assessoria de Imprensa

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