Dia internacional do Yoga: prática é aliada no tratamento oncológico

O yoga propicia diversos benefícios para o equilíbrio do corpo e da mente, gerando saúde e bem-estar. E como forma de estímulo a essa prática, a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu o dia 21 de junho como o Dia Mundial do Yoga, que, de acordo com dados da International Yoga Federation, tem mais de 300 mil praticantes no mundo. No Brasil, dados apurados pela Tecnofit, principal plataforma de gestão fitness do país, apontam que, no ano passado houve um crescimento de 53% no número de estúdios dedicados à prática. Pacientes oncológicos estão entre um dos públicos crescentes da atividade, principalmente mulheres com câncer de mama.

Leia também – Tecnologia no esporte: a revolução dos smartwatch na rotina de treinos

E as razões são inúmeras. O médico oncologista Leonardo da Silva, do Vera Cruz Oncologia, em Campinas (SP), explica que a medicina integrativa é uma tendência. “Busca abordar o indivíduo de forma completa, ou holística (do grego holos, que significa todo ou inteiro) e envolve o uso de terapias complementares em associação ao cuidado médico convencional, mas não em substituição ao mesmo. O objetivo é cuidar da saúde tanto do ponto de vista físico, quanto emocional e espiritual. Ou seja, mais do que tratar uma doença específica, as técnicas de medicina integrativa buscam melhorar a sensação de saúde e bem-estar”, define.

Estima-se que, em todo o mundo, entre 33% e 47% das pessoas diagnosticadas com câncer façam uso de algum tratamento complementar, alternativo ou integrativo, especialmente entre as mulheres diagnosticadas com câncer de mama. Só nos EUA, 80% das mulheres com câncer de mama dedicam-se a alguma atividade do gênero. “Estes pacientes têm uma melhora dos sintomas da doença e dos tratamentos, como dor, insônia, depressão, ansiedade, náusea e limitação de movimentos”, lista o oncologista.

O yoga é uma das terapias integrativas mais estudadas. A sua prática é baseada em oito eixos principais: a ética social (yama), a ética pessoal (niyama), as posturas (asana), a respiração (pranayama), o voltar-se para o interior (pratyahara), a concentração (dharana), a meditação (dhyana), e a contemplação do absoluto (samadhi). Existem diversos estilos de yoga, sendo o mais comum a Hatha Yoga, que combina a prática das posturas e dos exercícios de respiração.

O médico explica que, geralmente, os tratamentos oncológicos levam a efeitos colaterais que impactam de forma negativa na qualidade de vida do paciente, tais como mudanças corporais, queda de cabelo, náusea, fadiga e comprometimento na vida sexual. E também existem um turbilhão de sentimentos, como o medo e a ansiedade quanto ao risco de recidiva e progressão (piora) da doença, e a morte. “Essa combinação de fatores pode levar a sentimentos negativos, desencadeando crises de ansiedade, depressão, desesperança e sensação de abandono, o que reduz ainda mais a tolerância à dor. Por isso, quebrar esse ciclo de sintoma-angústia/sofrimento-sintomas é fundamental”, diz.

E o yoga tem sido um recurso eficiente para esses pacientes. “Evidências mostram que a prática regular de yoga auxilia na regulação de sistemas hormonais envolvendo a hipófise e a pituitária, reduzindo a secreção de hormônios relacionados ao estresse (como o cortisol) e melhorando a resposta corporal a fatores estressantes e o controle sobre as situações diárias. Também está associada à redução na secreção de citocinas pró-inflamatórias e à melhora no funcionamento do sistema imune”, destaca.

Uma análise com 13 estudos, incluindo principalmente mulheres com diagnóstico de câncer de mama, comprovou que a prática do yoga reduz de forma significativa a ansiedade, depressão e o estresse, bem como melhora moderada na fadiga, nas funções sociais e na qualidade de vida. Além disso, a prática da atividade mostrou benefício na redução de problemas de memória em pacientes que finalizaram tratamento oncológico.

O médico ressalta que, apesar dos benefícios já demonstrados do yoga em pacientes com câncer, o potencial benefício ainda não foi avaliado de forma completa. A filosofia também envolve outros aspectos além dos exercícios de postura e respiração, incluindo mudanças relacionadas à alimentação, à prática de atividade física, à abstenção de hábitos maléficos à saúde (como tabagismo) e relacionamentos interpessoais. Intervenções mais amplas em termos de estilo de vida parecem ser mais eficazes quando associadas ao tratamento tradicional do câncer, e tem maior potencial de benefícios a longo prazo. Assim, o aconselhamento dos pacientes com diagnóstico de câncer deve sempre levar em conta que a combinação de intervenções relacionadas ao estilo de vida (dieta, atividade física, redução de estresse, suporte social) leva aos melhores resultados, e que a medicina integrativa é, hoje, uma aliada fundamental na promoção e manutenção de mudanças positivas no comportamento relacionado à saúde.

*Informações Assessoria de Imprensa

Acompanhe as notícias de Saúde & Bem Estar clicando aqui