Com a chegada da estação mais quente do ano, a cultura do corpo perfeito volta a “entrar na moda”. O estilo dos anos 90 está em alta e, com ele, corpos muito magros voltaram a ser vistos com frequência na TV e nas mídias sociais. Para alcançar este padrão de beleza já estabelecido em nossa sociedade por décadas, é necessário ter uma alimentação saudável, regrada e praticar exercícios físicos. Porém, muitas pessoas não estão dispostas a mudar o estilo de vida e acabam fazendo uso de substâncias prejudiciais à saúde em busca desse ideal.
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Najla Farage, professora de nutrição da Universidade Veiga de Almeida (UVA), avalia que dietas muito restritivas em prol de um único objetivo não são sustentáveis a longo prazo. “Deficiências nutricionais e alteração da microbiota intestinal são apenas alguns dos prejuízos que uma dieta restritiva pode causar. Há estudos que indicam que mesmo quando há uma alimentação correta, se ela não for variada, ela irá gerar alteração no componente de microrganismos intestinais que são protetores”, diz a especialista.
Sobre o uso de medicamentos para fins de emagrecimento, a professora da Veiga enfatiza: “Precisamos de estratégias para conter a obesidade. Há pessoas que precisam muito de medicamentos, porém, nenhum medicamento deve ser usado sem controle. Hoje em dia as pessoas estão usando determinados medicamentos para perder 2 ou 4 quilos e não se deve utilizar qualquer medicamento sem orientação médica”.
Para combater esse tipo de cultura do emagrecimento a qualquer custo, Najla Farage acredita que precisa haver mais responsabilização e fiscalização para quem dissemina esse conteúdo de forma irresponsável nas redes sociais ou no próprio consultório.
A psicanalista Joana Vilhena, professora da pós-graduação em Psicanálise, Saúde e Sociedade da UVA, afirma que, na nossa sociedade, o corpo é um ativo para que um determinado indivíduo se sinta ou não pertencente a um grupo – e o não pertencimento pode gerar frustração. Para ela, a cultura do emagrecimento atua em um mercado altamente lucrativo.
“Nas classes populares as pessoas costumam comer uma maior quantidade de alimentos ultraprocessados, porque hoje em dia comer saudável, infelizmente, é privilégio de uma parcela da população com maior poder aquisitivo. O discurso neoliberal diz que você não precisa conviver com o defeito, você pode modificá-lo. No entanto, para fazer isso de forma segura, é necessário ter dinheiro, o que pode levar pessoas de classes mais baixas a procedimentos perigosos”, alerta.
Joana afirma que, para quebrar essa cultura, é necessário reeducar a população, repensando a beleza como um marcador. “A beleza não pode mais ser um valor para medir o ser humano, principalmente uma mulher. Pessoas estão adoecendo por isso e se submetendo a procedimentos perigosos. Isso precisa acabar”, finaliza.
*Informações Assessoria de Imprensa
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