Saúde da mulher: a alimentação pode ser sua aliada

Considerando o estilo de vida da sociedade atual, na qual a mulher desempenha vários papéis, como trabalhar fora, estudar, cuidar da casa e dos filhos, percebe-se que o cuidar dela mesma muitas vezes parece uma tarefa difícil diante do desgaste e tantas outras prioridades que são colocadas à frente do auto-cuidado.

Nos últimos anos tem-se observado aumento na incidência de câncer de mama e doenças cardíacas. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o tipo de câncer que mais acomete mulheres no Brasil (excluídos os tumores de pele não melanoma). A mortalidade apresenta uma curva ascendente desde 2015 e a estratégia para redução da mortalidade é o diagnóstico precoce.

A adoção de alguns hábitos como, alimentação saudável, prática regular de atividade física, manter peso corporal adequado, evitar consumo de cigarro, bebida alcoólica e evitar uso de hormônios sintéticos em altas doses, pode reduzir em 28% a chance de desenvolver este câncer. O aumento da incidência de doenças cardiovasculares entre as mulheres pode estar associado ao aumento do estresse, tabagismo e alimentação desequilibrada, segundo pesquisa realizada pelo Hospital do Coração de São Paulo.

Outras doenças como ansiedade e depressão são mais prevalentes em mulheres do que em homens, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), provavelmente associado a vários fatores, como dupla jornada de trabalho, maternidade, vulnerabilidade social, as mudanças hormonais e também algumas características do sistema neurológico.

Queixas frequentes que afetam a saúde e qualidade de vida das mulheres são observadas, como: obstipação, dor e distensão abdominal, infecção urinária e candidíase de repetição, insônia, irritabilidade, indisposição, além de sintomas da Tensão Pré-Menstrual e menopausa.

Passando mais tempo fora de casa trabalhando, a maioria das mulheres adotou um hábito alimentar baseado em alimentos de rápido preparo como lanches, fast-foods, alimentos ultraprocessados (como massas congeladas, salgadinhos, bolachas, sucos em lata ou caixinha e refrigerante), deixando de lado a alimentação feita em casa, como por exemplo, arroz, feijão, carnes, vegetais e frutas.

As pessoas estão desembalando mais e descascando menos. De imediato esta prática parece ser a mais apropriada, pois evita dedicar mais tempo as tarefas domésticas e assim aparentemente reduziria o cansaço e desgaste em preparar um alimento. Porém em longo prazo, ocorre justamente o contrário. Alimentos “rápidos” na sua grande maioria são pobres em nutrientes e a deficiência pode acarretar diversos prejuízos à saúde física e emocional. Também são ricos em sódio, gorduras e açúcares que podem contribuir para o ganho de peso, condição que também prejudica a saúde.

A ALIMENTAÇÃO COMO ALIADA A SAÚDE DA MULHER:

 

Alguns alimentos podem contribuir para reduzir problemas de saúde nas mulheres quando associados a um hábito alimentar equilibrado:

– Função intestinal: intestino saudável está associado com a melhora da imunidade, redução de episódios de candidíase vaginal, proteção a vários tipos de câncer, benefícios ao humor, sono e apetite (ver coluna setembro). Estudos recentes mostram associação da função intestinal com doenças metabólicas como obesidade e diabetes. Importante consumir alimentos ricos em fibras (frutas, vegetais, cereais, leguminosas e sementes), probióticos (iogurte e leite fermentado), além de ingestão adequada de água;

– Prevenção de câncer: Frutas, legumes, verduras, cereais integrais, feijões e outras leguminosas (lentilha, ervilha, grão-de-bico), sementes, castanhas e nozes além de serem ricos em fibras, vitaminas e minerais, são fontes importantes de antioxidantes que protegem contra o câncer. O ideal é consumir pelo menos 2 porções de frutas e 3 porções de vegetais por dia (uma porção pode ser medida pela quantidade que cabe na palma da mão);

– Prevenção de doenças cardíacas: importante reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados e carnes gordurosas (ricos em gordura trans, saturadas e colesterol), além de alimentos ricos em sódio. Importante consumir diariamente alimentos ricos em fibras (citados acima), além de gorduras boas (castanhas, nozes, amêndoas, azeite de oliva, abacate, peixes) e laticínios desnatados (leite, queijos e iogurtes);

– Prevenção de osteoporose e fraqueza muscular: ingestão adequada de proteínas de boa qualidade como carnes magras (alternar entre carnes vermelhas como patinho, coxão mole, alcatra, maminha, aves e peixes) e também consumir boas fontes de cálcio e proteína dos laticínios desnatados (pelo menos de duas a três porções por dia). A vitamina D é outro nutriente importante para saúde óssea e muscular. Avaliar seu níveis no sangue e a necessidade de suplementação por especialista é recomendado. Sempre que possível a exposição ao sol pode contribuir para para ativação da vitamina D na pele;

– Tensão pré-menstrual: cereais integrais (arroz integral, aveia, milho), gérmen de trigo, leite, ovos, banana, leguminosas, nozes e castanhas quando consumidos diariamente em proporções adequadas podem auxiliar na redução dos sintomas. Para mulheres com fluxo menstrual intenso é importante para prevenir anemia consumir alimentos ricos em ferro (como as carnes, vegetais verde-escuros e feijão), além da vitamina C (facilmente encontrada na laranja, limão, goiaba, morango, acerola, abacaxi) que favorece a absorção do ferro vegetal;

– Fertilidade e menopausa: sabe-se que a manutenção do peso adequado ou redução de peso para pessoas que tem excesso de peso e obesidade pode melhorar a fertilidade em mulheres em idade fértil e reduzir os sintomas como fogachos, conhecidos como “calorões” em mulheres na menopausa.

É importante ressaltar que a redução de 5 a 10% do peso corporal em pessoas com excesso de peso é suficiente para melhora metabólica, prevenção e tratamento de diversas doenças. Em um processo de perda de peso é importante evitar práticas alimentares baseadas em dietas restritivas ou que excluem grupos alimentares, pois estas condutas podem piorar o estado de saúde com deficiências nutricionais além de favorecerem desequilíbrio emocional.

Não existem alimentos proibidos, assim como não existem alimentos ou bebidas milagrosas no tratamento ou prevenção de doenças. Quando desejar informações seguras e confiáveis sobre alimentação saudável, consulte o Guia Alimentar para População Brasileira (clique aqui para acessar a versão resumida).

Clique aqui para ler outras colunas de Mariana Paganotto.

Conheça também os demais colunistas do portal Saúde Debate. Acesse aqui.