Diabetes Gestacional: alimentação da mãe e a proteção do bebê

Durante a gestação ocorre alteração em vários hormônios sendo um deles a insulina que é responsável pelo controle da glicemia (açúcar no sangue). Em algumas gestações a produção de insulina não é suficiente ou o corpo não consegue utilizar a insulina adequadamente (resistência à insulina) e com isso os níveis de glicose no sangue podem ficar aumentados, caracterizando o Diabetes Gestacional.

O excesso de glicose no sangue da mãe passa pela placenta para o bebê e se não for controlada pode causar uma série de complicações como: ganho de peso excessivo (acima de 4 kg) acarretando dificuldades no parto; problemas respiratórios; icterícia (pele amarelada); hipoglicemia após nascimento e risco de vida. A gestante também sofre com a glicemia alterada, sendo mais frequente infecções urinárias, pressão alta, maior risco de diabetes futuros, maior risco de parto prematuro.

Algumas mulheres apresentam maior tendência para desenvolver Diabetes Gestacional, por possuírem alguns fatores de risco como: idade 25 anos ou mais; sobrepeso, obesidade ou ganho excessivo de peso durante a gestação; histórico familiar de Diabetes; Síndrome Ovários Policísticos, entre outros.

A boa notícia é que se a glicemia for bem controlada com acompanhamento médico e nutricional adequado, as chances de complicações reduzem muito e a mulher pode desfrutar de uma gestação sem acontecimentos desagradáveis. O acompanhamento com médico endocrinologista é ideal para avaliar a necessidade de medicação para o controle da glicemia, porém o cuidado com a alimentação é um dos pontos chaves no tratamento.

 

QUAIS OS CUIDADOS NA ALIMENTAÇÃO DA GESTANTE COM DIABETES?

A distribuição adequada de nutrientes ao longo do dia é fundamental para o desenvolvimento adequado do bebê e no caso do Diabetes Gestacional atenção especial é dada ao consumo de carboidrato. Este nutriente não deve ser retirado da alimentação, mas sim bem distribuído ao longo das refeições durante o dia. Uma das estratégias bem-sucedida nestes casos é a distribuição dos carboidratos pelo método da contagem de carboidrato que deve ser orientada por um nutricionista especialista em diabetes.

A American Diabetes Association recomenda que gestantes com Diabetes façam três refeições pequenas a moderadas (café da manhã, almoço e jantar) e dois a quatro lanches por dia (um intervalo manhã; um a dois no período da tarde; um antes deitar).

O ideal é que a alimentação seja individualizada para cada gestante e para cada fase da gestação, mas algumas recomendações podem ser úteis para se ter uma alimentação equilibrada consumindo durante o dia:

·      Verduras e legumes com baixo teor de carboidrato à vontade, como: alface, rúcula, abobrinha, brócolis, couve-flor;

·      3 porções de legumes raiz: cenoura e beterraba;

·      5 porções de carboidratos (podendo ser distribuídas em 1 porção café manhã; 2 porções no almoço; 1 porção lanche tarde; 1 porção jantar): arroz, macarrão, batata, farofa, pães, biscoitos, milho, polenta;

·      1 porção de feijões ou oleaginosas: feijão, ervilha, lentilha, grão-de-bico, castanhas, nozes;

·      2 porções de carne ou ovos;

·      1 porção de óleos ou gorduras: manteiga, óleo vegetal, azeite oliva;

·      3 porções de leite ou derivados (iogurte, queijo);

·      3 porções de frutas. Isso mesmo, as frutas devem ser consumidas com moderação. Ao contrário do que muitos pensam, o consumo de frutas em pessoas com diabetes também deve ser controlado, pois contém um açúcar chamado frutose que eleva a glicemia.

Importante ressaltar que a alimentação para controle de Diabetes pode e deve ser acessível à população, sem a necessidade de investir em produtos caros, baseado em farinhas especiais, alimentos dietéticos ou Low Carb.

As adequações na alimentação, a prática de exercícios físicos (sempre que possível) e o uso de medicação (se necessário) são recomendadas no controle da glicemia da gestante com Diabetes. O acompanhamento e monitoramento constante com equipe especializada é fundamental para uma gestação saudável, proporcionando qualidade de vida para a mamãe e o bebê.

 

Para mais detalhes sobre porções de alimentos, diagnóstico e monitoramento consulte o “Guia da gestante com diabetes gestacional. Clique aqui.

 

 * Mariana Paganotto é nutricionista graduada pela UFPR, com mestrado em Medicina Interna e Ciências da Saúde pela UFPR. Atua há 15 anos como nutricionista clínica, professora, palestrante e pesquisadora. Educadora em Diabetes desde 2005. Principais áreas de atuação são em Obesidade, Cirurgia Bariátrica, Diabetes, Síndrome Metabólica, Gestantes de alto risco, doenças intestinais e compulsão alimentar. Também é colunista do Saúde Debate

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