* Atualização: os dois casos foram confirmados ainda no dia 4 de janeiro.
A Secretaria de Saúde de São Paulo aguarda para o início desta semana (4 de janeiro) os resultados de dois casos suspeitos da nova variante do novo coronavírus no Brasil. As análises estão sendo realizadas pelo Instituto Adolfo Lutz. Outros dois casos já foram descartados após a investigação. São dois pacientes que seguem internados em hospitais privados no estado e que estiveram recentemente no Reino Unido. Mas as análises mostraram que eles foram contaminados com a mesma linhagem do novo coronavírus que já circula no país, e não uma nova cepa.
Os outros dois casos suspeitos já tiveram um primeiro indicativo que trata-se da nova variante do novo coronavírus. O Instituto de Medicina Tropical (IMT) realizou um primeiro sequenciamento, indicando que é a mesma cepa que apareceu no Reino Unido. Estas amostras estão sendo pesquisadas no Instituto Adolfo Lutz, para certificação de que se trata realmente da nova cepa do coronavírus.
No dia 31 de dezembro, o laboratório Dasa anunciou que seus pesquisadores detectaram a presença da nova variante do coronavírus no Brasil. A descoberta foi comunicada à Vigilância Sanitária e ao próprio Instituto Adolfo Lutz. A cepa B.1.1.7 do SARS-CoV-2, como está sendo chamada, foi detectada após uma série de análises em 400 amostras de RT-PCR de saliva. Em dois casos houve a confirmação, em parceria com o Instituto de Medicina Tropical.
A variante do coronavírus se caracteriza por apresentar grande número de mutações, 8 delas ocorrendo na proteína da espícula viral (spike). “A spike é a proteína que o vírus usa para se ligar à célula humana e, portanto, alterações nela podem tornar o vírus mais infeccioso. Os cientistas ingleses acreditam que seja esta a base de sua maior transmissibilidade”, explica o virologista da Dasa, José Eduardo Levi.
A confirmação da cepa em dois pacientes foi feita por meio de sequenciamento genético realizado em parceria com o IMT-FMUSP. “O sequenciamento confirmou que a nova cepa do vírus chegou ao Brasil, como estamos observando em outros países. Dado seu alto poder de transmissão esse resultado reforça a importância da quarentena, e de manter o isolamento de 10 dias, especialmente para quem estiver vindo ou acabado de chegar da Europa”, conclui Ester Sabino, pesquisadora do IMT-FMUSP.
A mutação não é mais letal do que outras cepas dominantes, mas pode ser mais transmissível, segundo diretor médico da Dasa, Gustavo Campana. No Reino Unido, ela já representa mais de 50% dos novos casos diagnosticados, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. “A prevenção ainda é o método mais eficaz para barrar a propagação do vírus: lavar as mãos, intensificar o distanciamento físico, usar máscaras e deixar os ambientes sempre ventilados. Apesar das festas de fim de ano e das férias que se aproximam, é imperativo reforçar os cuidados”, diz Campana.
Além do sequenciamento, a Dasa está com outra pesquisa em andamento em parceria com o Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo: de isolamento e cultivo dessa linhagem do vírus em meio de cultura, no laboratório, para gerar material que permita testar a eficiência dos testes de diagnósticos que só se baseiam em proteína S com esta variante. “Alguns testes de imunologia e de sorologia que só identificam a proteína S podem apresentar resultados falso negativos nos diagnósticos dessa nova variante. Estamos antecipando a avaliação para definir os exames que sofram menos interferência em seu desempenho de diagnóstico, numa eventual expansão desta variante no Brasil”, explica Campana.
* Com informações da rádio CBNAMP e da assessoria de imprensa
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