O mofo nas paredes e tetos dos imóveis, problema ainda visto como “normal” pelos brasileiros, é subestimado quando o assunto é saúde. Ele pode levar a rinites, asma, sinusites, alergias cutâneas e até pneumonias fúngicas. E, na maioria das vezes, a culpa de tudo isso está no passado: um projeto de construção malfeito.
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O alerta é da médica alergologista Meire Kadowaki Komatsu, do Hospital Japonês Santa Cruz, e do engenheiro civil Anderson Oliveira, gerente técnico sênior do Grupo Soprema. Os especialistas dão dicas para evitar e resolver problemas do mofo tanto do ponto de vista de saúde quanto da construção civil.
De acordo com Meire, o mofo em paredes e outros locais está ligado ao aumento do número de ácaros no ambiente. “Isso piora o quadro alérgico dos pacientes, inclusive de pessoas que não são alérgicas a fungos”, explica a especialista.
Sintomas e tratamentos
Segundo ela, os sintomas decorrentes dessa situação são bem variados. “No caso de alergias, os sintomas podem ser espirros, coceira nos olhos e problemas respiratórios graves. Em outros casos, incluindo pessoas não alérgicas, os sintomas podem ser tosse, obstrução nasal e mal-estar. Há situações mais graves que podem levar a sinusite ou pneumonias fúngicas”, afirma Meire.
“Os tratamentos também dependem das condições do paciente. Em casos de alergia, pode ser feito o uso de anti-alérgicos. Se houver obstrução nasal, inalação, ingestão de líquidos e soro fisiológico podem ajudar. Já no caso de pneumonias, o tratamento pode ser feito com antibiótico e, em determinadas ocasiões, a internação hospitalar é necessária, principalmente para idosos”, diz a médica alergologista.
Meire ressalta que há sempre a necessidade de procurar um profissional da saúde especialista na área e iniciar o tratamento o mais rápido possível, independente do caso.
Prevenção
Segundo o engenheiro civil Anderson Oliveira, é crucial evitar o mofo nas habitações, e a melhor forma é protegendo-as ainda na fase construtiva, pois, uma vez que o mofo já foi instaurado no imóvel, é preciso avaliar a origem (umidade do solo, condensação…) para tomar medidas eficazes. “A umidade dentro das casas pode ter diversas origens, como a que vem do solo através da fundação, a proveniente de condensação, como banheiros mal ventilados e paredes em contato com o solo. Cada origem requer um tipo de impermeabilização a ser utilizada”, afirma.
Após a identificação, de acordo com o especialista, deve ser avaliada a forma de tratar. No caso de umidade ascendente, pode ser necessário reparar o reboco contaminado e criar uma barreira com produtos impermeáveis. “A correta identificação e tratamento devem ser feitos por profissionais experientes, para evitar que o problema retorne após alguns anos”, alerta.
“O ideal é que, em todas as obras e construções, fossem utilizados produtos impermeabilizantes para prevenir problemas como a umidade e infiltrações, mas, infelizmente, a maioria dos projetos construtivos ainda não contemplam a prevenção neste assunto. A longo prazo, isso vira sinônimo de mofo e outras complicações”, diz o engenheiro.
Outro ponto que também deve ser observado no projeto é a correta ventilação de áreas como banheiros, cozinhas e porões, com o objetivo de deixar os ambientes arejados e com incidência da luz do sol.