“A saúde pessoal é o grande patrimônio a ser cuidado por todos nós”

Saúde Debate entrevista Rached Hajar Traya, diretor-presidente da Unimed Curitiba

Rached Hajar Traya
Rached Hajar Traya (Foto: Divulgação)

Uma das principais lições deixadas na pandemia é a importância de cuidar da própria saúde, sob diferentes aspectos. Mas esta não pode ser uma mobilização feita apenas sob o “calor dos fatos”. “O primeiro gestor da saúde é o próprio indivíduo. No final de toda essa jornada, terá a sua saúde pessoal como um grande patrimônio a ser cuidado por todos nós”, declara o diretor-presidente da Unimed Curitiba, Rached Hajar Traya. A cooperativa vem enfatizando a importância do autocuidado em suas campanhas há bastante tempo, independentemente da crise sanitária.

Traya está à frente de uma das maiores cooperativas de saúde do Brasil, que em 2021 completou 50 anos. E defende o cooperativismo como um modelo que favorece oportunidades e harmonia, além de um papel social relevante.

O Médico Cirurgião e Coloproctologista, pós-graduado em Medicina do Trabalho, em Administração com Ênfase em Administração Hospitalar e em Administração com Ênfase em Gestão de Cooperativa para Sistema de Saúde se filiou à Unimed Curitiba no ano de 1992 e passou por diferentes áreas da cooperativa até chegar na função de diretor-presidente. Autalmente, é membro do Conselho de Administração da Unimed Mercosul e membro do Conselho Administrativo Técnico e Operacional (CATO) da Central Nacional Unimed e do G20.

Nesta entrevista para a seção Paradigma do Saúde Debate, Rached Hajar Traya também comenta sobre o papel da saúde suplementar e a sua expectativa sobre este mercado.

Saúde Debate – A Unimed Curitiba completou 50 anos em 2021. O que representa esta marca e ser cooperado na área da saúde?

 Rached Hajar TrayaPara nós, isto representa um conceito inequívoco de que este formato de trabalho por cooperativismo, desta maneira, está mais do que consolidado, até pela própria história da Unimed. Foram 50 anos de crescimento ininterrupto, estruturado, sólido. De certa forma, coroa uma trajetória que começou há 50 anos de forma tímida e que hoje transforma-se em uma grande potência conceitual no ponto de vista de modalidade de trabalho, de oferta de serviço na área da saúde, de ter a qualidade assistencial como principal elemento de tudo isto.

 O mote da Unimed Curitiba é “cuidar das pessoas”,  “cuidar de você”, “jeito de cuidar”… E percebemos nas campanhas institucionais da cooperativa o incentivo à prevenção, ao autocuidado, ao cuidado diário e mudanças de hábitos. Por que isso é tão importante?

O primeiro gestor da saúde é o próprio indivíduo, com a sua saúde. Nós estaremos sempre dispostos e a postos para auxiliar naquilo que é a nossa competência de fazer. Mas convidar o indivíduo para que ele seja gestor da sua própria saúde é um convite irrecusável para qualquer ser humano. Tudo passa a partir do eu. Se as pessoas começam a ter outras visões sobre como se cuidar, como comer, hábitos de vida e outros, não se evita 100% dos problemas, mas é possível agir de outra forma naqueles considerados “preveníveis”. 

 Sempre focamos, e acho que essa é uma constante dentro da Unimed, não a questão da doença, e sim a saúde. Promover, preservar, o cuidado… Uma série de medidas que você individualmente pode fazer. E, no final de toda essa jornada, terá a sua saúde pessoal como um grande patrimônio a ser cuidado por todos nós. E a Unimed também é uma das cuidadoras.

A cooperativa e as operadoras de saúde suplementar, de modo geral, passaram a exercer papéis além da oferta de um serviço? Elas são o apoio de milhares de brasileiros. Como o senhor enxerga esta “função” da cooperativa aos seus usuários?

Acredito que sim, até porque os serviços na área da saúde não são simples, como se fosse adquirir qualquer tipo de produto. Existe um conceito muito amplo por trás de tudo isso. E isto fez com que todos os operadores de planos de saúde tivessem que olhar essa prestação de serviço com mais amplitude. Vai desde saúde mental, física, e tudo aquilo que envolve o bem-estar do indivíduo.

 O cooperativismo tem uma visão ampla, inclusive sob o ponto de vista social. A Unimed tem uma interface muito forte com todos os públicos com os quais está envolvida: clientes, prestadores, colaboradores, médicos cooperados. Mas tem um olhar extremamente carinhoso com a comunidade onde está inserida, independentemente de ser um cliente. Cada vez que um colaborador entra aqui e se oportuniza a ele o desenvolvimento de sua carreira dentro da cooperativa, não penso que ele necessariamente ficará aqui a vida inteira. Estamos transformando as pessoas para a comunidade onde estamos inseridas. Se puder ficar aqui, ótimo. Caso não, ajudamos a formar talentos.

 O senhor está à frente de uma das maiores cooperativas de saúde do país. Quais os desafios que envolvem esta função?

Não é um desafio, e sim cuidado necessário, sobretudo quem está em processo de liderança ou como diretor de instituição, de se colocar exatamente no mesmo patamar de todas as pessoas que estão envolvidas nesta operação. Se não estiver envolvido do começo ao fim do processo, você tem uma falsa sensação de sucesso. O fato de a cooperativa Unimed ser hoje grande, respeitada, é porque de certa forma conseguimos fazer desta maneira. Temos uma pirâmide hierárquica, mas do ponto de vista de função, de trabalho, dia a dia, as pessoas estão no mesmo nível. Temos apenas responsabilidades diferentes, mas fazemos parte do mesmo time. Ou ganhamos o jogo, ou todos perdemos. Uma frase de Michael Jordan (referência do basquete norte-americano) traz: um talento consegue ganhar uma partida, mas é um time que conquista um campeonato. E é assim que nos comportamos aqui.

Pessoalmente, o que a Unimed Curitiba representa para o senhor?

Para mim, que sou médico cooperado há muito tempo, representa a minha própria carreira profissional. Como ser humano, como alguém que acredita em cooperativismo, este é o modelo que, na minha visão, oportuniza a todos as atividades, mas principalmente porque tem a função de trazer uma harmonia social dentro daquele nicho em que está inserido. 

O que o senhor vislumbra sobre o setor de saúde suplementar nos próximos anos? Este já é um momento de transformação, mas o que as operadoras, profissionais e o usuários podem esperar em um curto, médio e longo prazos.

Todas as atividades sofrem processos de transformação, e não necessariamente uma transformação para melhor. Elas simplesmente promovem suas transformações até para que continuem existindo. A minha expectativa para o futuro da saúde suplementar – ou da saúde como um todo – é de que para algumas coisas não adianta colocar um modelo disruptivo. Para algumas atividades não existe disrupção. O conceito assistencial não vai se modificar: a essência é de um humano cuidando de outro humano. Isso nunca perderemos e não podemos deixar que isso aconteça. Se um dia acontecer, perderemos o grande norte do que é prestar serviço de saúde. Óbvio que temos uma revoada de capital vindo para o país querendo modificar isto. Mas o Sistema Unimed precisa preservar a sua essência, de ser uma cooperativa de médicos, com foco na assistência do ser humano e no cuidado. E isso não pode se perder. Precisa ser aprimorada, sim. Mas sem perder a sua essência.

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