Pandemia x Dores nas costas: o que fazer para mudar essa realidade

Pandemia e dores nas costas se tornaram rivais por uma série de razões. A crise desencadeada pela Covid-19 mudou muito a rotina dos brasileiros em casa e no trabalho. Para muitos, o trabalho e os estudos foram para dentro de casa e não houve tempo para a adaptação. Esse foi um dos motivos para um dos fenômenos desse momento: as dores nas costas. 

O médico ortopedista Antonio Krieger, especialista em coluna e integrante do corpo clínico do Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba (PR), confirma o aumento das queixas de pacientes em função das dores nas costas. De acordo com ele, 40% dos seus pacientes reclamam do problema e o associam diretamente ao home office, ao isolamento social e ao sedentarismo, subprodutos da pandemia de Covid-19. Além disso, o termo “dores nas costas” foi um dos campeões de buscas no Google em 2020. 

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Cerca de 70% dos quadros de dor estão relacionados a questões mecânicas, musculares e posturais. “Houve uma rápida adaptação ao home office, sem um processo adequado, sem a movelaria adequada. A mesa da sala de jantar se tornou o novo escritório do brasileiro. A cadeira não é confortável. A altura da mesa nem sempre é a ideal”, destaca Krieger. 

Paralelamente, houve um maior tempo de exposição às telas e a diminuição da atividade física. Antes da pandemia, era normal uma rotina de caminhada ao trabalho, mais passeios no parque e até mesmo as idas aos shoppings. “Também verificamos o impacto nos exercícios, com as academias parando em vários momentos em função das medidas restritivas. Com isso, muitas pessoas interromperam essas atividades. Tudo isso levou a um desequilíbrio muscular, fraqueza, encurtamento. Isso certamente causa dor nas costas”, afirma o especialista.

Médico ortopedista Antonio Krieger (Foto: Divulgação)

Pandemia e dores nas costas: é possível “virar o jogo”

Quem está sofrendo com dores nas costas na pandemia pode mudar essa realidade. Segundo Krieger, uma das primeiras medidas é a adaptação do espaço de trabalho em casa, com cuidados de postura e ergonomia. 

“Quando sentamos, devemos encostar nossa lombar, nossas costas, em algum apoio na cadeira que tenha um encosto firme. E sentarmos jogando o quadril para trás, apoiando as costas no assento, e não sentarmos apenas na ponta da cadeira, porque isso vai causar dor”, esclarece. Outro ponto importante é apoiar os pés no chão, atitude que distribui o peso entre a pelvis e as pernas. A solução está em regular a altura da cadeira. Caso não seja possível, basta colocar um caixote ou uma pilha de livros para apoiar as pernas corretamente.

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p class=”ql-align-center”>Esse é um exemplo de como não sentar durante o home office (Foto: Vlada Karpovich / Pexels)

O médico também orienta mexer na altura do notebook, ferramenta muito utilizada no home office. “É necessário garantir que a tela fique na altura dos olhos. Hoje, principalmente quem passou a usar um notebook, deixa-o na altura da cintura e inclina para olhar a tela. E isso começa a dar dor no pescoço. A orientação é elevar o notebook, até mesmo com uma pilha de livros, ou adotar um teclado separado, para manter o olhar no horizonte”, ensina.

Um conselho similar vale para o uso dos aparelhos celulares. Quando usá-los, é necessário elevar os smartphones até a altura dos olhos, evitando uma flexão do pescoço. Isso pode ser feito apoiando os cotovelos na mesa, por exemplo. 

“Outra dica importante é levantar periodicamente, a cada 50 minutos ou uma hora. Levantar, alongar, caminhar até a cozinha para pegar uma água. Com essas pausas curtas, é possível trabalhar oito, dez horas com menos riscos de dor do que alguém que fica três, quatro horas direto”, aponta Krieger.

Pandemia x Dores nas costas: a importância da atividade física

O médico lembra que o corpo humano foi feito para o movimento e a atividade física regular. Por isso, vai sentir o sedentarismo. Mesmo na pandemia e com o isolamento social, se torna essencial praticar alguma atividade física, mesmo em casa, para que a fraqueza muscular não se some a uma questão postural, por exemplo, potencializando as dores nas costas. 

“Hoje existem vários profissionais, que fazem planilhas de treino on-line, orientação para exercícios em casa, com equipamentos que podem ser encontrados facilmente. Além do próprio pilates, da yoga e do exercício funcional, que se adaptam nesse contexto. Outras opções são as caminhadas e as corridas na rua. Vale a pena investir no cuidado com a saúde, mesmo em tempos de pandemia. Vale a pena investir em um profissional e olhar para isso”, salienta. 

Quando as dores nas costas se tornam preocupação?

De acordo com Krieger, dores que duram até três dias e que pioram com uma postura inadequada, mas que aliviam com relaxamento ou uma massagem, indicam problemas musculares e posturais, que podem ser resolvidos sozinhos. “Quando há dor com mais de três dias de duração ou incapacitante, ou tem irradiação, este é o sinal de que existe algo a mais e deve ser feita uma investigação”, alerta o médico. Outros alertas importantes são a perda de sensibilidade ou de força.

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