A regulamentação eficaz no setor de planos de saúde é crucial para assegurar a integridade e a sustentabilidade do sistema. Ao estabelecer mecanismos mais rígidos, promove-se a transparência e a responsabilidade, resguardando não apenas as operadoras, mas também os beneficiários.
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A implementação de novos controles busca afastar práticas fraudulentas e reduzir desperdícios, otimizando recursos para um setor de saúde suplementar mais eficiente.
Dessa forma, a legalidade e a importância dessas regulamentações são fundamentais para garantir a confiabilidade dos pedidos médicos, contribuindo para a construção de um ambiente mais ético e sustentável no âmbito da saúde suplementar.
No embate sobre a regulação no setor de planos de saúde, os Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) têm expressado preocupações significativas, principalmente relacionadas à autonomia profissional dos médicos. A imposição de regulamentações mais rígidas pode a princípio gerar apreensões quanto à liberdade na prescrição médica, visto que alguns profissionais argumentam que medidas excessivas poderiam restringir suas decisões clínicas.
Porém se existir um ambiente ético que tenha como princípio maior – a não maleficência ao paciente, a ausência de sobreposição de interesse econômico nas prescrições, e sobretudo a aplicação da melhor técnica à luz da medicina baseada em evidência, com responsabilidade, não haverá qualquer restrição de decisões clínicas por parte das operadoras.
Por isso é crucial encontrar um equilíbrio entre a preservação da autonomia médica e a implementação de normativas que fortaleçam a integridade do sistema de planos de saúde. A busca por mecanismos de regulação mais eficientes não deve ser encarada como uma restrição, mas sim como uma ferramenta para mitigar desafios, como fraudes e desperdícios, garantindo, ao mesmo tempo, o bem-estar dos beneficiários.
Assim, é fundamental que os diálogos entre as partes interessadas se intensifiquem, buscando soluções que harmonizem as preocupações dos CRMs com a necessidade de fortalecer a integridade e a sustentabilidade do setor de saúde suplementar.
Por isso não deve ser considerada abusiva ou ilegal movimentos de aperfeiçoamento do mercado como por exemplo a exigência de prestação de informações por meio do preenchimento de formulários por parte de prestadores, que além de exercer um efeito positivo de proteção a segurança e interesses dos beneficiários, tem respaldo por diferentes fundamentos legais, regulatórios e contratuais no contexto do setor de planos de saúde no Brasil.
Portanto, a sustentabilidade do setor não é um fenômeno natural que ocorrerá de forma involuntária. Para tanto, novos mecanismos de regulação ações visando:
maior controle dos pedidos médico trará menos desperdícios ensejando perenidade as operadoras e consequentemente maior segurança aos beneficiários ensejando a manutenção de seus contratos de planos de saúde;
maior controle dos pedidos médico trará menos custo assistência, refletindo menores índices de reajuste e por consequência menor impacto econômico aos beneficiários.
É preciso reduzir a militância e o ataque sistêmico contra as operadoras de planos de saúde, que exercem importante papel na assistência médica da população brasileira.
A interpretação desses fundamentos dependerá da análise específica do contrato firmado, das normativas aplicáveis e do contexto regulatório vigente. Recomenda-se a consulta a profissionais especializados em direito da saúde para uma análise mais aprofundada e contextualizada.
* Fernando Bianchi, Advogado Sócio do M3BS Advogados e especialista em Direito da Saúde e Direito Médico
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