Os óbitos de grávidas e puérperas (mulheres que tiveram filho recentemente) chegaram a 642 em 2021. Os dados foram atualizados nesta quinta-feira (13 de maio) pelo Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19 (OOBr Covid-19). Com esse número, o ano de 2021 já tem mais mortes maternas do que o registrado em todo o ano passado no país (457 mortes).
Segundo o OOBr Covid-19, desde o início da pandemia, uma a cada cinco gestantes e puérperas mortas pelo novo coronavírus não teve acesso a unidades de terapia intensiva (UTI) e 33% não foram intubadas, perdendo assim a chance de serem salvas.
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“O que nós temos percebido no Brasil é uma dificuldade de estruturação da rede de atenção à gestante e à puérpera com covid. Quando falamos sobre UTI é difícil ter serviços estruturados em hospitais onde podemos ter essas pacientes assistidas por obstetras especializados em gestação de alto risco e equipe de intensivistas trabalhando juntos para que essa atenção possa ocorrer da melhor forma”, disse a criadora do OOBr Covid-19 e presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo (Sogesp), Rossana Pulcineli Vieira Francisco.
Os dados mostram ainda que entre março de 2020 e 12 de maio de 2021 são 11.664 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por covid-19, com 1.099 óbitos (9,4%) entre grávidas e puérperas. Outros 10.818 registros de SRAG com 274 mortes entre gestantes e puérperas, podem ser também episódios de covid-19, na avaliação dos pesquisadores.
Para Rossana, o grande número de gestantes e puérperas internadas e os óbitos por SRAG com causa não especificada pode indicar a baixa testagem. “Isso nos preocupa muito porque pode ser um motivo para subnotificação para casos de covid-19. Dessa forma, podemos pensar que isso está acontecendo também em outros grupos de pacientes”, finalizou a obstetra.
Nesta semana, o Ministério da Saúde emitiu novas recomendações sobre a vacinação de gestantes, após o registro de casos com eventos adversos. NO dia 12 de maio, a pasta recomendou a suspensão da vacinação de grávidas que não tenham comorbidades. Aquelas que tiverem algum problema de saúde devem ser imunizadas com doses da Coronavac e Pfizer. O ministério já havia orientado, assim como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a interrupção do uso da vacina da AstraZeneca / Oxford nesse público, em função dos eventos registrados.
O Paraná emitiu as mesmas recomendações para os municípios, assim como outros estados. Curitiba decidiu seguir vacinando todo esse público, independentemente de apresentar ou não comorbidades, utilizando a vacina da Pfizer.
* Com informações da Agência Brasil
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