Levantamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica comprova que muitos pacientes interromperam tratamento na pandemia

    Um levantamento inédito feito pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) comprova que muitos pacientes oncológicos interromperam o tratamento durante a pandemia. A SBOC realizou uma pesquisa entre seus associados para entender melhor os impactos da pandemia em cada canto do país. O levantamento foi respondido por 120 membros da Sociedade, que trabalham nos sistemas público, privado ou em ambos. Mais de 74% dos entrevistados informaram que tiveram um ou mais pacientes que interromperam ou adiaram o tratamento por mais de um mês durante a pandemia.

    Para Clarissa Mathias, presidente da SBOC, a situação é alarmante. “Muitos pacientes portadores de câncer não estão sendo tratados de forma adequada, retardando tratamento e diagnósticos por causa da pandemia”, sinalizou.

    Em relação aos procedimentos, as cirurgias enfrentaram a maior dificuldade de ser conduzidas, segundo 67,5% dos respondentes. Para 22,5% dos oncologistas, os exames de seguimento também encararam obstáculos e menos de 1% dos entrevistados afirmaram que nenhum procedimento sofreu consequências.

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    Entre as mudanças que a pandemia provocou ou acelerou, uma delas é o uso da telemedicina. No início de abril foi sancionada uma lei que autoriza a prática da telemedicina para todas as áreas da saúde enquanto durar a crise ocasionada pela Covid-19. Essa tendência realmente está sendo incorporada pelos profissionais, pois 64% dos oncologistas que responderam à pesquisa declararam que passaram a utilizar as teleconsultas.

    Segundo o levantamento, 9 a cada 10 médicos afirmaram que a instituição em que atuam conseguiu adotar medidas eficazes para contornar às dificuldades impostas pela Covid-19.

    Mais uma das consequências trazidas pela pandemia é a redução salarial dos médicos. De acordo com a pesquisa, 28,57% dos entrevistados afirmam que tiveram o salário reduzido em decorrência deste período e as reduções variam entre menos de 10% até acima de 50%.

    Novos diagnósticos

    Além disso, outro grande ponto de atenção para a SBOC é em relação aos diagnósticos de novos casos de câncer. De acordo com Clarissa Mathias, diante de qualquer sinal ou suspeita da doença, é fundamental procurar um profissional o mais rápido possível, pois o diagnóstico precoce aumenta significativamente as chances de cura do câncer. “É importante destacar, mais uma vez, que as instituições de saúde estão preparadas e seguindo rígidos protocolos de higiene e segurança para seguir tratando a todos, pacientes com coronavírus ou outras enfermidades, como câncer”, afirma a presidente da SBOC.

    Diante disto, a entidade está lançando a campanha #ContraOCâncerESemCovid. O objetivo é fornecer aos profissionais de saúde e à sociedade civil informações relevantes sobre o novo coronavírus, promovendo debates acerca desse assunto e evidenciando o importante papel do oncologista neste momento. “Os oncologistas clínicos estão preparados para ajudar em ambas as lutas – porque, na verdade, ela é uma só: contra a doença e pela vida, de forma plena e segura”, afirma Clarissa. “Com o movimento ‘Contra o Câncer e Sem Covid’, queremos conscientizar os pacientes de que é possível dar andamento ao seu tratamento em segurança, pois as clínicas e hospitais estão aptos a recebê-los”, ressalta.

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