Para reduzir a superlotação e promover melhorias no atendimento hospitalar de urgências e emergências nas emergências dos hospitais ao redor do Brasil, o Ministério da Saúde lançou, em parceria com o Hospital Sírio-Libanês, o projeto Lean nas Emergências, como parte do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS), para o triênio 2018- 2020. No primeiro ciclo, 16 hospitais foram selecionados; no segundo, 20 hospitais, entre eles a Santa Casa de Londrina.
No terceiro, que iniciou em julho de 2019, mais 20 hospitais foram escolhidos, sendo dois afiliados à Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa): Hospital Universitário Cajuru e Hospital Universitário Evangélico Mackenzie.
De novembro de 2018 a maio de 2019, a Santa Casa de Londrina conseguiu reduzir 63% na superlotação do Centro de Emergência e Trauma (CET), com 32% de aumento nos atendimentos. Para se ter uma ideia do que esses números representam, em dezembro, a Santa Casa precisou suspender a entrada de novos pacientes no CET por superlotação em oito dias diferentes, uma média de duas vezes na semana. Em maio, não foi necessária nenhuma suspensão. Além disso, os pacientes atendidos no setor no mesmo período aumentaram de 671 para 889, um aumento de 33%.
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Apesar de estar focado na organização da gestão do pronto-socorro, as mudanças implantadas pelo Lean trouxeram resultados para o hospital como um todo. O número de cirurgias eletivas subiu 23%, passando de 222 para 273 no mesmo período. As cirurgias de urgência também aumentaram – de 326 para 383, ou 17%. Outro indicador destacado foi o tempo entre a entrada do paciente no CET e sua internação nos setores, que caiu 20% – de 27,3 horas para 21,86 horas.
“Os resultados alcançados na Santa Casa colocam o hospital entre os cinco melhores do país entre os que já adotaram o Lean”, afirmou o coordenador do projeto, o médico do Hospital Sírio Libanês Welfane Cordeiro Jr.
Déficit
O aumento no atendimento ao SUS reflete diretamente no aumento do déficit mensal do hospital. A partir do Lean, a extrapolação do teto financeiro do SUS foi de 69%, chegando, em abril, a R$ 619 mil em serviços prestados e não recebidos pela instituição. No município, esse valor supera os R$ 4 milhões por mês. “Pretendemos que o Ministério da Saúde e os gestores municipais e estaduais olhem para essa situação e nos apresentem uma saída, porque já temos um déficit acumulado de R$ 6 milhões”, lamenta o superintendente da instituição, Fahd Haddad.
Apesar dos resultados financeiros negativos, Haddad garante que o trabalho vai continuar. “Implementamos 54,5% das ações propostas pelo Lean. Queremos chegar aos 100%”, garante. A ideia, segundo Haddad, é expandir a metodologia para o pronto-atendimento de convênios da Santa Casa e, na sequência, também para os serviços de pronto-socorro do Hospital Mater Dei e Infantil Sagrada Família.
Metodologia
Segundo informações do Ministério da Saúde, o projeto visa melhorar a gestão nas emergências racionalizando recursos, reduzindo desperdícios e otimizando espaços e insumos para diminuir a superlotação nas urgências hospitalares. Essas ações facilitam o acolhimento e atendimento dos pacientes nos prontos-socorros dos hospitais.
Os hospitais que participam da iniciativa passam por um processo de intervenção, fase em que profissionais do Hospital Sírio-Libanês visitam os prontos-socorros e se reúnem com gestores e profissionais dos estabelecimentos para identificar dificuldades e implementar ações de melhoria, de acordo com as ferramentas da metodologia Lean, bem como capacitar as equipes. Essa fase dura, em média, seis meses. Após esse período, os hospitais passam por uma etapa de controle, por mais seis meses, para garantir a transformação no gerenciamento dos hospitais e que esses novos hábitos e padrões continuem mesmo após o fim das visitas.
O modelo de trabalho Lean foi criado na indústria automobilística japonesa para aumentar a produtividade e a eficiência no cenário pós 2ª Guerra Mundial. A partir da década de 1990, houve uma adaptação para utilização na área da Saúde.
No fim de 2020, a meta do Ministério da Saúde é chegar a 100 serviços de emergência com o Lean, mais de 450 profissionais treinados e 180 protocolos clínicos nos serviços de emergência implementados.
*Com informações da assessoria da Santa Casa de Londrina