A Secretaria de Saúde do Paraná buscou parcerias com as demais secretarias, conselhos, consórcios, municípios, consultores nacionais e representantes de instituições ligadas à saúde e qualidade de vida, para identificar e apontar propostas e metas e para os próximos anos quanto ao envelhecimento da população. Isto faz parte de uma estratégia para elaboração de políticas públicas nesta área. O assunto foi abordado durante o I Encontro Envelhecer com Saúde no Paraná, realizado neste mês de dezembro em Tijucas do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba.
O secretário Beto Preto reforça que o Paraná está à frente para criar condições e políticas que promovam não só saúde, mas qualidade de vida para as pessoas com idade acima de 60 anos. “Estamos buscando e trabalhando para criar um modelo de atenção e cuidado a todas as pessoas. Atenderemos primeiramente a quem já está na faixa etária acima dos 60. Como nossa população está nesse crescente envelhecimento e redução de nascimentos, queremos preparar o Estado para ter as condições ideais para os que precisarem de suporte público para a qualidade de vida”.
PlanificaSUS
O Paraná é um dos estados que participa do projeto-piloto PlanificaSUS com foco na Linha do Cuidado ao Idoso, proposta criada pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), com apoio do Ministério da Saúde, secretarias estaduais e municipais de saúde, e executado pela Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. Durante o ano de 2019 foram realizados workshops para aprimorar os conhecimentos e qualificar o atendimento voltado ao público idoso da 4ª Regional de Saúde, sediada em Irati e que abrange nove municípios. Os treinamentos foram voltados ao público de profissionais que atuam na Atenção Primária à Saúde, Atenção Ambulatorial Especializada e Gestão no Paraná.
Exemplos
A professora Mara Solange Dellaroza, da Universidade Estadual de Londrina, apresentou a interdisciplinaridade e intersetorialidade na atenção à pessoa idosa. Dellaroza abordou as questões do envelhecimento como um processo progressivo, biológico e irreversível. A professora, que é enfermeira e integrante do grupo de envelhecimento da UEL, falou sobre o acelerado processo de envelhecimento populacional.
“O fenômeno foi muito rápido, rompeu todas as estimativas para esse processo. O que precisamos é pensar que não estamos no país de jovens e crianças que estávamos acostumados. Mudou a população e precisamos mudar os serviços, todos os setores precisam se adequar para pessoas com vida mais longas. Por exemplo, quando a prefeitura melhora a calçada para um idoso, melhora esse espaço para um adulto jovem, para uma criança, para uma gestante ou seja, para todos”.
Dessa forma, a professora indica que o poder público tem a capacidade de aperfeiçoar as condições para toda a população para que a qualidade da vida seja melhorada. “Criar estratégias programadas, sistematicamente, com metas e múltiplas áreas e especialmente: ouvir os idosos. Saber deles o que é que é preciso para melhorar as condições de vida”, destaca Dellaroza.
Também da Universidade Estadual de Londrina, o professor Denílson Teixeira falou sobre o tecnologias educacionais voltadas à saúde mostrando a cartilha “Orientações para um estilo de vida mais ativo”, elaborado por ele e um grupo de estudantes da universidade. A cartilha traz um passo a passo para que todos iniciem atividades físicas para melhorar as condições de vida. “Apresentamos no conteúdo simples atividades como andar com o cachorro ou cuidar do jardim que feitas rotineiramente tiram a pessoa do sedentarismo”, explica o professor. Durante a fala, Denílson fez a plateia se movimentar. “É uma pequena amostra do que promovemos contra o sedentarismo”.
A cartilha é acompanhada por vídeos instrucionais elaborados em parceria com a Sesa. No próximo ano, a secretaria fará a impressão de milhares de exemplares do material para distribuição para todo o estado.
O médico João Batista Lima Filho apresentou o trabalho desenvolvido na Unidade de Cuidados Continuados e Integrados (UCCI) Vó Ozória / Hospital Cegen de Cornélio Procópio. “Nós cuidados de quem muitas vezes não tem para onde ir. Os pacientes recebem o cuidado paleativo, mas com condições de acolhimento. A UCCI faz parte da Regionalização da Atenção á Saúde da Pessoa Idosa no Paraná, e é por aqui que as pessoas idosas recebem atendimento à saúde e são reabilitadas mais próximo da sua casa”, comenta o médico.
Envelhecimento da população
O Envelhecimento Saudável é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o processo de desenvolvimento e manutenção da capacidade funcional que permite o bem-estar em idade avançada. É um processo que abrange todo o curso da vida, relevante para todos, e depende da capacidade intrínseca (física e mental) e da capacidade funcional (capacidade intrínseca, ambiente e interações entre ambos) dos indivíduos, elementos esses que sofrem influência de muitos fatores, incluindo alterações fisiológicas e psicológicas subjacentes, comportamentos relacionados à saúde e presença ou ausência de doença.
“A Década do Envelhecimento Saudável prevê ações multisetoriais, proposta de cuidado integral à saúde, cuidados de longo prazo, cidades amigáveis ao idoso, entre outras. Nesse espírito de colaboração, a Sesa realizou o encontro, buscando compartilhar a busca do caminho para a vida com independência, autonomia e qualidade pelo máximo tempo possível”, refletiu a chefe da Divisão de Saúde do Idoso, Adriane Miró.