O processo de reabilitação das funções respiratórias e motoras é fundamental para pacientes recuperados de Covid-19 que foram internados, mesmo que não tenham passado por uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Os problemas respiratórios decorrentes do novo coronavírus, somados a um considerável período em que o paciente fica acamado em um leito de hospital implicam na necessidade de fisioterapia.
Conforme comenta a Emmanuelle Monteiro Groszewicz, coordenadora da equipe de fisioterapia do Pilar Hospital, de Curitiba (PR), entre as consequências mais recorrentes apresentadas pelos pacientes estão fraqueza muscular importante, perda de massa magra e dificuldade em realizar atividades básicas (como andar, por exemplo).
Leia também – A importância da fisioterapia na recuperação da Covid-19AMP
“Tenho pacientes que apresentam dificuldade em caminhar, mesmo com pouco tempo de internamento, aproximadamente 10 dias. Houve o caso de um paciente que ficou entubado por 12 dias. Após ser extubado, ele não caminhava sozinho nos primeiros dias, só com ajuda. Além disso, perdeu cerca de 5 quilos”, relata a fisioterapeuta. “Quanto à perda de massa muscular, um paciente internado em um leito de hospital perde em média 300 gramas de massa magra por dia”, completa.
Quando um paciente deixa a UTI, ele é encaminhado para um quarto de hospital e lá poderá recuperar um pouco do que os médicos chamam de AVD´s (atividades de vida diária). “São atividades simples como pentear o cabelo, ir ao banheiro, escovar os dentes. Mas há pacientes que nos primeiros dias não conseguem nem colocar o garfo na boca durante uma refeição”, relata Emmanuelle.
“O tempo de reabilitação demora de acordo com o tempo de internamento e com as sequelas que ficaram. É bastante variável. O paciente volta para casa quando estiver hemodinamicamente estável”, explica. A fisioterapia é feita de forma associada entre a área pulmonar com a área motora. Em muitos casos entra em cena também o trabalho de fonoaudiólogos e nutricionistas para uma reabilitação global.
Entre os exercícios mais básicos estão séries respiratórias, como puxar o ar pelo nariz bem profundamente e depois soltar pela boca. Ou então puxar o ar duas vezes de forma rápida e curta pelo nariz e soltar em seguida, entre outras variações. Atividades como essas são iniciados no hospital antes do paciente receber alta, e continuarão sendo executados quando ele estive em casa. Os exercícios citados anteriormente podem ser associados a outros. Dra. Emanuelle cita um exemplo. “O paciente segura um bastão com as mãos paralelas, levanta os braços e puxa o ar. Só vai soltar quando descer os braços. É um exercício muito bom para trabalhar a expansão da caixa torácica”.
Leia também – Tratamento pós-Covid: orientação e apoio psicológico é determinanteAMP