A máscara é item de uso obrigatório como prevenção ao novo coronavírus. Ao longo do tempo, uma observação se tornou recorrente: falar mais alto quando se usa a máscara. Essa reação é de fato comum? Por que ela acontece?
O fonoaudiólogo especialista em voz Francisco Pletsch, vice-presidente do Conselho Federal de Fonoaudiologia, confirma que é normal elevar a voz durante o uso da máscara porque ela se torna um obstáculo para a comunicação. “É uma obstrução, que reduz o volume da voz e abafa. Dá a sensação que está falando para dentro”, explica o profissional, salientando que acontece uma compensação elevatória no momento da fala.
A situação pode ficar evidente também para quem tem problemas para respirar, aumentando ainda mais a dificuldade ao falar. “Isto faz com que a pessoa force ainda mais na hora de falar, ficando mais cansado neste processo”, revela.
Se falar mais alto quando se usa a máscara já é uma reação comum, outra consequência pode estar na compreensão da fala. Se você tem a impressão que também teve “perda auditiva”, não está enganado: a máscara tira uma parte essencial que está relacionada à escuta. Mas como isso acontece se a máscara não cobre o ouvido? “Quando falamos e escutamos, existe uma espécie de leitura labial. E, com a máscara, perdemos essa expressão, nos comunicando muito pelos olhos. Além disso, escutamos a voz pela vibração aérea e pelo próprio corpo. Essa situação dificulta esse retorno, esse feedback da voz”, esclarece Francisco Pletsch.
Falar mais alto pode acarretar em problemas
Se uma consequência indireta do uso da máscara é falar mais alto, os cuidados devem então ser redobrados, pois um maior esforço vocal também gera um maior desgaste. Podem ocorrer irritações na laringe e nas cordas vocais. No entanto, não está descartada uma evolução para os chamados calos vocais, que são pequenas lesões nas cordas vocais. Além disso, a pessoa que está falando mais alto pelo uso da máscara pode ficar com uma sensação de esforço e cansaço. “Começa com um aspecto funcional, com a função vocal prejudicada pelo excesso, mas que leva a uma fadiga e à aceitação de estar cansado o tempo todo”, afirma o fonoaudiólogo especialista em voz.
De acordo com Pletsch, as pessoas que estão percebendo um falar mais alto quando usam a máscara devem adotar algumas práticas, como falar mais devagar; articular bem e de forma clara os sons; respirar mais vezes; e manter o tom natural da voz. O profissional também aconselha a ingestão de bastante água, uma boa rotina de sono, alimentação equilibrada, atividade física e evitar o consumo de bebidas alcóolicas e de cigarro. “Agora, na época do frio, também é preciso evitar o choque térmico, que pode irritar a garganta. A voz depende de uma boa qualidade de vida”, alerta.
Mas, e se a pessoa começar a sentir um desconforto e identificar que isso aconteceu pelo abuso em falar mais alto enquanto usava a máscara? O repouso moderado é bem-vindo. Se sentiu que forçou demais, é necessário poupar em períodos seguintes. E não se esquecer das dicas já citadas. “Caso passem 15 dias e não houve melhora, o ideal é procurar um fonoaudiólogo ou médico otorrinolaringologista para avaliação e, assim, evitar um problema maior”, aconselha Pletsch.
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