Existe uma perspectiva para o tratamento do Alzheimer?

Em 21 de setembro é lembrado o Dia Mundial e Nacional da Doença de Alzheimer. A data tem como objetivos estimular a conscientização sobre o mal e diminuir o estigma sobre a demência causada por ele. A doença provoca, progressivamente, uma série de funções, como a perda de memória, a capacidade de raciocínio, juízo crítico e orientação, até chegar em uma fase de não reconhecimento de familiares e pessoas próximas. Isso implica em alterações de comportamento e dificuldades nas atividades do dia a dia. Mas e qual é a perspectiva para o tratamento do Alzheimer?

No Brasil, estima-se que a Doença de Alzheimer atinge 5% da população com mais de 65 anos. Isto representa cerca de 1,5 milhão de pessoas. O número de pessoas com Alzheimer pode quadruplicar até 2050, ainda mais com o envelhecimento crescente da população. 

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“A pessoa torna-se incapaz de aprender novas informações. Essa alteração de memória é justamente para as novas informações, os fatos recentes. A memória de acontecimentos antigos continua bastante preservada, no início. O paciente pode ainda não reconhecer lugares que antes eram familiares, se perder em datas e também apresentar quadros de depressão, apatia, surtos de agressividade, delírios de roubo e mania de perseguição”, explica Jerusa Smid, doutora em ciências pelo Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), neurologista do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento (GNCC) da Divisão de Clínica Neurológica do Hospital das Clínicas da FMUSP e coordenadora do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia (ABN).

O diagnóstico precoce ainda é um importantíssimo passo para o atendimento. Isto porque, até o momento, ainda não foi descoberta a causa da Doença de Alzheimer, e muito menos a sua cura. Por enquanto, os pesquisadores sabem que é preciso dar atenção às proteínas Beta-amiloide, que são consequências de parte da degradação celular. Elas se acumulam no cérebro de pessoas mais idosas e ainda mais nas acometidas por Alzheimer. 

Então, quais são as perspectivas de tratamento do Alzheimer? Quando acontece o diagnóstico precoce, os especialistas iniciam um protocolo de medidas preventivas, com o objetivo de retardar o avanço da doença. Neste momento, há discussões em torno de um medicamento, que chegou a ser aprovado pela Food and Drug Administration (FDA, equivalente à Anvisa nos Estados Unidos). No entanto, apesar da aprovação, ainda existem estudos em andamento para saber mais profundamente os efeitos da medicação. O mesmo remédio ainda não foi avaliado pela Anvisa

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Diante disto, o diagnóstico precoce se torna ainda mais essencial. A doença começa muito antes dos primeiros sintomas. Isso porque temos uma “reserva cognitiva”, uma “resiliência cerebral”. Nessa fase, acontecem ainda bastante sinapses e a ela vai avançando, mas sem manifestar problemas. Inicialmente, o Alzheimer acomete a região do hipocampo, que é portão da memória. No quadro primário, que é chamado comprometimento cognitivo leve, o indivíduo percebe que sua memória está deteriorando. O primeiro sintoma, na maioria dos pacientes, é esquecimento para eventos recentes, enquanto fatos remotos seguem preservados. Às vezes, a pessoa é incapaz de lembrar o que almoçou ontem, mas lembra com detalhes de sua casa de infância, por exemplo. E isso vai levando a perda de independência e autonomia. Com a evolução da doença, outras regiões do cérebro vão sendo acometidas e mais alterações cognitivas ocorrendo, piorando a qualidade de vida.

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Sem a perspectiva de um tratamento do Alzheimer a curto prazo, os especialistas recomendam que é necessário investir em um melhor envelhecimento cerebral desde cedo, antes mesmo de a pessoa se tornar idosa. “São ações consideradas preventivas para retardar a doença, já que não há como evitá-la”, cita a neurologista Jerusa Smid. Já na terceira idade, o acompanhamento médico, com neurologistas e geriatras, se tornam fundamentais. 

 

Uma pesquisa publicada na revista cientifica “The Lancet”, no ano passado, aponta como medidas preventivas: manter o nível de açúcar no sangue e o peso para evitar diabetes; obter o máximo de educação escolar na infância; manter-se cognitivamente ativo, por meio de leituras, jogos e aprendendo coisas novas; controlar a depressão; gerenciar o estresse; ter a pressão arterial sob controle, especificamente a partir dos 40 anos; examinar perda de audição ao longo da vida; praticar regularmente atividades físicas; seguir uma alimentação saudável, balanceada e rica em vitamina C; evitar exposição à poluição do ar e ao fumo; não abusar de bebidas alcoólicas; buscar ter um sono de qualidade, entre outros cuidados.

 

Sem a perspectiva de um tratamento do Alzheimer, como lidar com a doença?

 

Melhorar o convívio com um doente de Alzheimer se torna essencial, pois a enfermidade tira a autonomia e a independência das pessoas. Confira orientações da equipe da Home Angels, empresa de cuidadores na área da saúde, para aprimorar a rotina quando se tem uma pessoa com Alzheimer na família.

  • Mantenha uma conversa agradável – a confusão mental é característica da doença, por isso, manter um diálogo com o idoso torna-se desafiador, mas é possível estimular uma conversa agradável através de frases curtas, simples e objetivas.
  • Lidando com as perguntas repetitivas – não fique lembrando ao idoso que estas questões já foram feitas, responda sucintamente e use frases com poucas palavras.  
  • Aproveite as  habilidades do idoso – estimule a pessoa nos afazeres, por exemplo: se ela era professora de português, peça ajuda para fazer a lista do mercado, pergunte se ela pode te ensinar crochê ou montar um quebra-cabeça, assim, vai se sentir útil e ficar feliz em contribuir.
  • Peça ajuda – Conte ao idoso tudo que vai fazer com ele e peça sua ajuda. Pode usar frases como: ‘vou tirar sua camiseta, me ajude’ ou ‘vou te levantar da cama, apoie seu braço para me ajudar’.
  • Crie rotina – elabore uma agenda semanal e crie lembretes para evitar erros na hora das medicações e recordar atividades programadas de forma a não perder o compromisso. 
  • Tenha empatia – pergunte como o idoso se sente, o que tem vontade e quais são as preferências. Dê valor a opinião dele.

* Com informações das assessorias de imprensa

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