Enxaqueca é a doença que mais incapacita pessoas entre 18 e 50 anos

    Quase todo mundo um dia já sofreu ou ainda vai saber o que são os incômodos de uma cefaleia. E a enxaqueca, um tipo também muito comum de cefaleia primária, é a doença que mais afeta a funcionalidade das pessoas com idade entre 18 e 50 anos, no mundo. Ela se apresenta como uma dor de cabeça unilateral, de moderada a severa, do tipo pulsátil. Pode ser associada a náuseas e também pode piorar com a exposição da pessoa à luz ou a alguns tipos de odores, e também ao fazer algum esforço físico, como subir escadas. 

    Chama a atenção o fato da enxaqueca ser a primeira causa de incapacidade em pessoas nessa faixa etária, como apontou o estudo epidemiológico realizado pelo Global Burden of Disease, órgão internacional que analisa as estatísticas em saúde, e publicado na revista The Journal of Headache and Pain, veículo oficial da Federação Europeia de Cefaleia (a pesquisa mais recente foi divulgada no ano de 2017). Estudos brasileiros também fazem um alerta: as pessoas convivem com dores de cabeça por mais de 10 anos até procurar um especialista.

    Leia também – Conheça os gatilhos que podem disparar a enxaqueca

    Leia também – Dores de cabeça não são apenas enxaqueca: saiba como diferenciar os diferentes tipos de dor

    “Se a pessoa sofrer três episódios da doença, no período de três meses, independente das justificativas (menstruação, alterações do sono, estresse), é preciso iniciar o tratamento preventivo”, explica o neurologista Paulo Faro, chefe do Setor de Cefaleia e Dor Orofacial do Hospital INC (Instituto de Neurologia de Curitiba). 

    Causas

    A enxaqueca é uma doença genética. Existem gatilhos, fatores externos ou internos, capazes de desencadear crises de enxaquecas em pessoas com predisposição genética. No caso das mulheres, a menstruação pode ser esse gatilho. Outros fatores capazes de agravar as crises são o consumo de bebida alcoólica, alteração do sono, estresse emocional, jejum prolongado e alguns alimentos – como chocolate, frutas cítricas, queijos amarelos, embutidos, glutamato monossódico, cafeína em excesso, entre outros.

    Diagnóstico é definido na consulta

    O diagnóstico da enxaqueca é feito através da consulta e da anamnese. Não existe um exame complementar que vai definir o diagnóstico. Ao solicitar exames complementares, o neurologista busca descartar outras causas que possam simular uma enxaqueca. O diagnóstico da enxaqueca é clínico, ao conversar com o paciente é possível defini-lo na própria consulta.

    Anticorpos no tratamento da enxaqueca

    A primeira classe de medicamento preventivo criada especificamente para prevenir a enxaqueca chegou ao Brasil, em março de 2020. Antes, eram utilizados medicamentos de outras áreas médicas, como toxina botulínica, anticonvulsivantes e antidepressivos. “Não que fossem ruins, mas tinha a questão do preconceito em utilizar esses medicamentos, que também ofereciam mais efeitos colaterais ao paciente”, esclarece Dr. Paulo Faro.

    De acordo com o neurologista, os medicamentos específicos para tratar as enxaquecas são os anticorpos monoclonais anti CGRP – que é uma substância que costuma estar bem elevada em quem tem enxaqueca. Esses anticorpos atuam bloqueando a ação dessas substâncias. O tratamento é feito por via subcutânea, é aplicado uma injeção por mês ou a cada três meses. Trata-se de um tratamento bastante eficaz e tolerável e não tem interação medicamentosa com outras drogas.

    Leia também – Há mais queixas de dores na mandíbula e na cabeça durante a pandemia, diz especialista

    Leia também – Especialista explica como ansiedade e medo provocam dores pelo corpo