Com o avanço da vacinação contra a Covid-19, e ao mesmo tempo escassez na produção e disponibilidade de doses, a população se pergunta se é possível tomar duas doses de vacinas diferentes contra Covid-19. Com isso, poderia haver um tipo diferente de manejo dos estoques, por exemplo. No entanto, ainda há poucas respostas científicas para essa pergunta.
Nesta terça-feira (18 de maio), Instituto de Saúde Carlos III, da Espanha, divulgou detalhes do estudo Combivacs, que trata exatamente sobre isso. A pesquisa mostrou que administrar uma dose da vacina da Pfizer em indivíduos que receberam a primeira dose da AstraZeneca se mostrou um processo seguro e eficaz. Conforme o estudo, a quantidade de anticorpos neutralizantes cresceu sete vezes com a aplicação da segunda dose com o imunizante da Pfizer, na comparação com quem recebeu a segunda dose da AstraZeneca.
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Somente 1,7% dos participantes do estudo relataram reações, como dores de cabeça, dores musculares e mal-estar geral. Participaram cerca de 670 voluntários, com idades entre 18 e 59 anos que receberam a primeira dose da vacina da AstraZeneca.
O objetivo do trabalho foi verificar se haveria um caminho a seguir após as informações sobre os riscos de coágulos com a vacina da AstraZeneca. Uma das hipóteses seria limitar a vacinação com esse imunizante aos indivíduos com mais de 60 anos, e mudar o esquema vacinal entre os mais jovens. Para os pesquisadores espanhóis, os resultados mostraram que é possível vacinar pessoas que já receberam a primeira dose da AstraZeneca, mas que uma decisão sobre isso dependeria das autoridades sanitárias.
Brasil: administração de doses de vacinas diferentes contra Covid-19 chama atenção e causa alerta
As notícias sobre a aplicação de doses de vacinas diferentes contra Covid-19 durante a campanha de imunização e relatos nas redes sociais de um profissional de saúde que teria feito isso deliberadamente para tentar aumentar a proteção acenderam o alerta de especialistas. Eles chamam atenção sobre o risco dessa combinação e de inclusive comprometer a eficácia dos imunizantes.
O imunologista Jorge Kalil disse que o mais seguro é tomar as 2 doses da mesma fabricante, porque foi dessa forma que a eficácia e a segurança delas foram testadas. O infectologista Marcelo Daher também fez a ponderação de que as vacinas Coronavac e da Aztrazeneca usam tecnologias diferentes e, por isso, a vigilância epidemiológica precisa monitorar esses casos para eventuais reações adversas.
Além da questão de possíveis reações, o caso foi parar no Ministério Público de São Paulo, que abriu um inquérito civil em fevereiro deste ano contra um médico que relatou nas redes sociais que tomou doses de duas vacinas diferentes contra a Covid-19, da Coronavac e da Aztrazeneca. Na postagem, que depois foi apagada, o médico disse que teria feito isso para garantir mais proteção contra o coronavírus.
Segundo a nota do MP, o inquérito vai averiguar quais foram as condições que permitiram ao médico tomar vacinas de diferentes fabricantes. Ele poderá ser processado por improbidade administrativa e por desrespeitar o artigo 268 do código penal, que é o de infringir determinação do poder público para evitar disseminação de doença contagiosa.
* Com informações da CNN Brasil e da Agência Brasil
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