Entre janeiro e julho de 2021, mais de 55 mil trabalhadores pediram afastamento do trabalho devido a problemas na coluna. Ou seja, as dores nas costas são motivo de afastamento do trabalho frequentemente. De acordo com o Ministério do Trabalho, esta foi a segunda maior causa de licenças neste ano, perdendo somente para dispensas por Covid 19, que totalizaram no mesmo período mais de 68 mil casos. Em 2018, as dores na coluna ocupavam a quinta posição no ranking de afastamentos computados pelo ministério.
De acordo com o Chefe do Departamento de Trauma do Hospital do Trabalhador, em Curitiba (PR), o ortopedista e cirurgião Renato Raad, diversos fatores podem ocasionar problemas na coluna. “A prática de exercícios físicos de maneira indevida ou errada e até mesmo a predisposição genética devem ser levadas em conta para a definição do diagnóstico. No entanto, com a propagação do home office, esses problemas se acentuaram, devido à má postura adotada pelas pessoas em um ambiente improvisado para o trabalho”, afirma o especialista.
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As dores nas costas são motivo de afastamento do trabalho e este problema se acentuou nos últimos meses. Segundo uma pesquisa realizada pela Fiocruz, as dores nas costas se tornaram mais comuns durante a pandemia: 41% das pessoas não tinham dores na coluna e passaram a ter. Além disso, 50% das pessoas que possuíam dor crônica tiveram uma piora durante o período de isolamento social e trabalho remoto, decorrente da pandemia de Covid-19.
Um estudo publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health apontou que 23,5% das pessoas em trabalho remoto reclamavam de dores na cervical. Além disso, 41% disseram ter dores na região da lombar. “É fundamental que as pessoas que apresentam predisposição a problemas de coluna ou que já tenham quadros de dores nas costas realizem acompanhamentos a cada dois anos, pelo menos, e adaptem a sua rotina inserindo a prática de atividade física. Vale lembrar que estresse e sedentarismo são fatores que podem desencadear dores nas costas”, destaca Raad.
O médico destaca ainda que doenças diferentes podem ter sinais e sintomas semelhantes e, por isso, é necessário fazer exames complementares para que o diagnóstico seja efetivo.
Um levantamento da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC) mostra que o número de cirurgias de coluna no Brasil aumentou 20% nos primeiros nove meses de 2021, em comparação com o mesmo período de 2019, antes da pandemia de Covid-19. Os três principais fatores que contribuíram para a alta de lesões na coluna e nas intervenções cirúrgicas foram o sedentarismo, o ganho de peso e a alteração de humor.
Quando procurar um especialista?
Geralmente, as pessoas tendem a buscar ajuda médica quando o problema passa a ser um incômodo. “Muitas vezes, a dor é o sinal de alerta, e ela pode aparecer quando o caso já está avançado. Ocorre que as pessoas tendem a se automedicar e buscar paliativos com analgésicos de pouca eficácia, o que faz com que o problema se arraste e seja maquiado por algum tempo. O ideal é que, ao sentir qualquer limitação de movimento ou desconforto na execução de atividades, um profissional de saúde seja consultado para oferecer um diagnóstico e tratamento precisos”, reforça o especialista.
As alterações na coluna podem ser detectadas por exames simples, como um Raio X, e até mesmo os mais complexos. “A medicina nos dá diversas opções para um diagnóstico completo, desde um Raio X, até mesmo a ressonância magnética, que possibilita a avaliação de músculos, tendões, ligamentos, canal medular, disco vertebral e ainda detectar, por exemplo, tumores na coluna”, conclui Raad.
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