Dificuldade para engolir pode ser sinal de algo mais sério. Ela é o principal sintoma da disfagia, um distúrbio caracterizado pela alteração no transporte dos alimentos da boca até o estômago, que também provoca dor ao engolir, tosses e engasgos frequentes durante e após as refeições, sensação de alimento parado na garganta, perda de peso e, em casos mais graves, causa desidratação, desnutrição e pneumonia. Quando não tratada adequadamente, a disfagia pode se agravar e até levar o paciente à morte.
A literatura médica aponta que a disfagia atinge de 16% a 22% da população mundial acima dos 50 anos, índice que pode chegar a 90% no caso da parcela mais idosa. Como ela se trata de uma manifestação de um problema maior, é observado que, entre os fatores de risco, estão doenças neurológicas, cardiorrespiratórias, infecções, tumores, prematuridade, câncer de cabeça ou pescoço, acidente vascular cerebral (AVC), traumas na boca ou garganta, uso de determinados medicamentos e intubação orotraqueal prolongada ou traqueostomia. De acordo com a fonoaudióloga Larissa Teleginski Wardenski, que atua no Hospital São Vicente Curitiba, estudos mostram que mais de 50% dos idosos internados podem apresentar disfagia. “Esse sintoma pode ocorrer também em pacientes internados na UTI após passarem por uma intubação orotraqueal ou realizar traqueostomia”, relata Larissa.
Segundo Celso Santos Júnior, presidente do Conselho Regional de Fonoaudiologia – 3ª Região (CREFONO3), existem dois tipos de disfagia, que em suas definições levam em consideração a parte do esôfago afetada. “A disfagia orofaríngea – ou disfagia alta – provoca dificuldades para iniciar a deglutição, tais como a regurgitação nasal, a fala anasalada, o engasgamento e o mau hálito. Já a disfagia esofágica (ou baixa) dá a sensação de retenção de alimentos no esôfago e, por poder apresentar dor torácica, acaba sendo constantemente confundida com alterações cardíacas – daí a necessidade de uma avaliação médica minuciosa”, explica o presidente do CREFONO3. Essa análise é realizada pelo profissional da fonoaudiologia por meio de avaliação clínica e exame por imagem, o videodeglutograma.
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Os casos mais severos de disfagia podem evoluir para um quadro de desidratação ou desnutrição, o que torna ainda mais preocupante a identificação do problema no público mais idoso, parcela mais frequentemente atingida pela condição. Sem contar a possibilidade de aspiração de alimentos e saliva ao pulmão, que pode provocar uma séria pneumonia.
O presidente do CREFONO3 salienta que a atuação de uma equipe multidisciplinar é favorável para a identificação rápida do problema e para a adoção de condutas conjuntas que irão facilitar o controle da disfunção. “O tratamento consiste na realização de exercícios que irão fortalecer a musculatura orofacial, bem como na alteração da consistência, temperatura e volume das comidas e bebidas ingeridas. De acordo com a necessidade, o paciente é encaminhado para médicos de outras especialidades, como neurologista, nutricionista, otorrino e fisioterapeuta. Alguns casos exigem a passagem para a alimentação via sonda nasogástrica ou mesmo cirurgia para auxiliar o tratamento”, afirma Santos Júnior.
Como explica o fonoaudiólogo, essa abordagem com profissionais de diferentes áreas previne complicações mais graves, reduz a morbidade e a mortalidade da doença e diminui o tempo de ocupação de leitos no caso de pacientes internados, impactando até mesmo nos custos hospitalares.
Reabilitação e Tratamento
Os distúrbios de deglutição são tratados pelo fonoaudiólogo, profissional que reabilita o paciente a se alimentar. “O tratamento da disfagia consiste em orientações sobre as consistências alimentares adequadas, o uso de utensílios facilitadores, posicionamentos durante a alimentação, posturas e manobras que auxiliem a deglutição, além de exercícios de mobilidade, tonicidade e de sensibilidade oral”, detalha a fonoaudióloga do Hospital São Vicente Curitiba. A especialista ressalta ainda que o tempo de tratamento varia conforme cada caso.
*Com informações das assessorias de imprensa