Dentistas também se adaptaram

e continuam se adaptando na pandemia

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Os dentistas estão entre os profissionais diretamente afetados pela pandemia de Covid-19. Em um primeiro momento, os consultórios foram fechados e os atendimentos suspensos. Aos poucos, as demandas com as emergências foram acolhidas e os procedimentos eletivos passaram por uma adaptação. Agora, os consultórios funcionam conforme regras estabelecidas por estados e municípios, dependendo do estágio da crise sanitária, e também a partir de recomendações do Conselho Federal de Odontologia (CFO). E, com isso, os profissionais reforçaram as medidas de biossegurança. 

O CFO e os conselhos regionais divulgaram uma série de recomendações para o atendimento da população neste momento e visando a prevenção da Covid-19, o que inclui a forma de receber o paciente. Também houve o lançamento, ainda em 2020, da campanha “Odontologia – Sempre bem protegida, para bem proteger”, com o objetivo de valorizar a categoria, incentivando o fortalecimento da biossegurança na Odontologia e combater a desinformação no momento de retomada do atendimento odontológico. 

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No Paraná, por exemplo, o Conselho Regional de Odontologia (CRO-PR) emitiu recomendações aos consultórios para a retomada e condução das atividades conforme o sistema de bandeiras adotado em cada região do estado. Na bandeira amarela (que representa riscos baixos da evolução da pandemia) podem ser realizados os atendimentos odontológicos de urgência, emergência e eletivos, sejam em âmbito público ou privado; na bandeira laranja (risco médio), a rede pública pode realizar apenas atendimentos de urgência e emergência, enquanto não há restrição na rede privada; na bandeira vermelha (risco elevado), somente atendimentos de urgência e emergência.

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“É importante lembrar que, em qualquer situação, a disponibilidade dos equipamentos de proteção individual (EPIs), o agendamento dos atendimentos, evitando-se aglomerações, e outras recomendações de biossegurança devem ser observados com todo critério”, traz a recomendação do CRO-PR. Além disso, o conselho ressalta o dever dos gestores públicos, proprietários, empregadores e responsáveis técnicos das clínicas particulares em fornecer os EPIs e as condições de biossegurança nos ambientes de recepção e atendimento aos pacientes, sob pena de responderem por infração ética de manifesta gravidade.

O presidente do CRO/PR, Aguinaldo Farias, destaca que o setor estava preparado para o controle dos consultórios, pois já adotava medidas de biossegurança. “No entanto, os consultórios tiveram que se adaptar às novas recomendações da Vigilância Sanitária e do próprio conselho de classe quanto aos espaçamentos entre os atendimentos, não aglomeração de pessoas em sala de espera e utilização de novas tecnologias em EPIs”, afirma.

Entre as preocupações neste momento está com o futuro da saúde bucal dos pacientes, em especial no Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo Farias, muitos cirurgiões-dentistas foram deslocados para a vacinação contra Covid-19, para que enfermeiros e médicos se dedicassem ao tratamento direto da doença em hospitais e unidades de saúde. Com isso, os serviços públicos estão, quase que na totalidade, se dedicando a emergências e urgências, acumulando demandas daqueles atendidos pelo SUS.

Mas também há preocupação com os pacientes que são atendidos na rede particular e que decidiram postergar o tratamento em função da pandemia. “Houve o esvaziamento de clínicas e consultórios odontológicos da iniciativa privada por um conceito equivocado de que o ambiente seja de contaminação. Publicamos várias decisões que respaldam a Odontologia como atividade essencial e também resoluções que visam o cuidado redobrado dos profissionais no processo de biossegurança. Portanto, clínicas de atendimento em massa deverão rever seus conceitos quanto à estrutura e o atendimento personalizado será ideal não somente em tempos de pandemia”, indica Farias.

O dentista Ronaldo Hirata, que atua em Curitiba (PR) e é professor do Departamento de Biomateriais e Cariologia da New York University (NYU), também demonstra preocupação com possíveis sequelas na saúde bucal no pós-pandemia de Covid-19. De acordo com ele, mesmo com todos os cuidados e após um ano e dois meses de pandemia, muitos pacientes ainda preferem aguardar o fim da crise sanitária para decidir se iniciam um tratamento, o que pode ser tarde demais.

“Exemplos disto são tratamentos gengivais relacionados à doença periodontal, que necessitam um controle constante realizado pelo profissional, antes que perda óssea e, muitas vezes, dentais sejam inevitáveis. Pacientes têm perdido dentes pela falta de tratamento enquanto aguardam o fim da pandemia. Minha recomendação é para que não espere para realizar o que necessita ser resolvido, ou pode ser tarde demais”, aconselha.

O dentista também lembra que a ansiedade e o estresse, que estão em alta na pandemia, podem afetar a saúde bucal e causar diferentes efeitos, como diminuição da salivação e tendência de acúmulo de placa bacteriana, o que pode causar cáries e gengivite. “Outro reflexo clínico do estresse é o aumento da inflamação gengival causada pela piora da higiene bucal, e, eventualmente, o aumento de hábitos nocivos, como cigarros. Aftas pela baixa da imunidade do paciente também são comuns”, declara. De acordo com Hirata, é essencial manter a rotina de higiene bucal e não deixar de realizar limpezas periódicas com o dentista.

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