Curitibano ganha oito medalhas em jogos para transplantados nos EUA

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(Foto: Arquivo Pessoal)

O Chef, empresário e professor, Piu José, conquistou oito medalhas – sete ouros e uma prata – nos Jogos Multiesportivos para Transplantados, que aconteceram nos últimos dias, em San Diego, na Califórnia (EUA). Ele já precisou realizar três transplantes de córnea devido a um quadro grave de ceratocone.

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“As provas foram um sucesso. Eu participei do triathlon, que tem a natação, o ciclismo e a corrida e cada uma concedia uma medalha, totalizando quatro. Também peguei ouro nos cinco quilômetros de corrida, em terceiro lugar geral nesta prova e o primeiro entre os transplantados, já que essa disputa era aberta ao público. Eu ainda fiz atletismo, que teve corrida de quatrocentos, duzentos e cem metros – esse último minha única medalha de prata”.

O chef, que também é professor do Centro Europeu, ressalta que conhecer os outros atletas transplantados é o principal prêmio. “São muitas pessoas ímpares, cada uma trazendo a sua história, do transplante, da vida. Conheci muitos receptores de rim e muitos que receberam órgãos da família, foi sensacional. Um jogo com muitas particularidades, que só acontecem porque pessoas doaram vida, doaram órgãos”, ressalta.

As provas aconteceram de 29 de julho a 03 de agosto.

História do transplante

A primeira cirurgia aconteceu no olho esquerdo, quando tinha 23 anos de idade. “Descobri um quadro grave de ceratocone em um exame de vista para renovar a habilitação e o médico me disse que pelo grau da minha deformidade, eu nunca mais iria poder dirigir. Não aceitei essa situação e fui buscar ajuda”.

A segunda cirurgia aconteceu na sequência, no olho direito, e, em 2021, fez novamente um novo transplante no olho esquerdo. “Antes de operar eu estava utilizando óculos para corrigir uma diferença de cerca de 13 graus na minha visão, principalmente de astigmatismo. Hoje, após o novo transplante, tenho apenas um grau”.

O professor do Centro Europeu conta que só começou a praticar esportes após os 40 anos de idade. “Isso mostra a todos que nunca é tarde para dar o primeiro passo. Hoje tenho no meu ‘currículo’ o caminho de Santiago de Compostela, feito de bicicleta, três provas Iron Man e quatro corridas de 100 km”, conta.

O Brasil tem aproximadamente 53,2 mil pessoas na fila de espera por um transplante de órgão. Dessas, 31 mil aguardam um rim e 19 mil esperam por uma córnea, segundo dados do Ministério da Saúde.

Transplante de córnea

Dos mais de 23 mil transplantes realizados ao ano no Brasil, cerca de 13 mil são de córnea. O ceratocone é uma das principais causas de transplante de córnea no país, a cirurgia é necessária em casos de ruptura (pode acontecer em acidentes graves), quando a membrana sofre uma alteração em seu formato ou fica turva.

O cirurgião oftalmologista Dr. Ricardo Ducci, explica que o ceratocone começa a se manifestar por volta dos 13 aos 18 anos de idade e pode progredir até os 35. “A mudança de grau pode ser o primeiro fator a indicar uma suspeita da doença, principalmente quando o paciente tem astigmatismo ou alguma dificuldade visual. O transplante só é necessário em casos avançados e, muitas vezes, pode ser evitado com o tratamento precoce”, alerta.

O transplante de córnea é feito após uma doação desta membrana, que passa por uma análise laboratorial antes de ser implantada no paciente. “A visão demora algumas semanas para se restabelecer e a cicatrização completa é esperada em um período de doze meses. É importante saber que existe o risco de rejeição ou falência tardia dessa córnea, apesar de a cirurgia utilizar alta tecnologia e ser segura”, explica Ducci.

Transplant Games of America

É um evento esportivo com o objetivo de celebrar a resiliência à vida após um transplante ou doação de órgãos, córneas e tecidos. Participaram cerca de 5 mil competidores.

Entre as modalidades estão atletismo, natação, ciclismo, vôlei, boliche, basquete e algumas modalidades não tradicionais, como a dança de salão e arremesso de sacos de feijão.

*Informações Assessoria de Imprensa