Cresce o número de crianças com Covid-19

Entre janeiro e março de 2021, o número de crianças infectadas pelo coronavírus subiu 150% em relação aos 10 meses do ano passado, quando teve início a pandemia. O aumento exponencial ocorreu devido à maior exposição delas e também dos pais, que acabam sendo os agentes transmissores do vírus intrafamiliar. As informações são do médico cooperado da Unimed Curitiba, o infectologista pediátrico Victor Horácio de Souza Costa Junior, vice-diretor clínico do Hospital Pequeno Príncipe, o maior centro de referência pediátrica do Paraná.

 

Do total de casos no mundo de infectados por coronavírus, 5% são crianças. No Paraná, registros mostram que cerca de 700 crianças foram infectadas no ano passado, com 12 mortes. Atualmente, 11 crianças estão internadas no Hospital Pequeno Príncipe com Covid-19, entre eles dois bebês recém-nascidos, com 7 e 20 dias.

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“Sempre que aumentar o número de adultos infectados teremos um aumento de casos em crianças. As famílias estavam mais isoladas em casa no ano passado. A partir das festas de fim de ano, encontros familiares e viagens de férias, começou um afrouxamento no comportamento e os pais e filhos acabaram ficando mais expostos ao vírus”, comenta o pediatra Tony Tannous Tahan, médico cooperado da Unimed Curitiba.

 

Mesmo fatal em alguns casos, o médico afirma que a expressão clínica da doença é menos grave nas crianças, mas que os pais precisam estar atentos. “As crianças têm, no geral, menos comorbidades que os adultos, o que contribui para um padrão mais leve da doença. Mesmo assim, ao menor distúrbio respiratório, como tosse, coriza ou irritação na garganta, que são sintomas suspeitos de covid-19, os pais devem entrar em contato com o pediatra ou levar para uma avaliação em pronto-atendimento”, alerta.

 

Segundo os médicos especialistas, os meses de março e abril serão os piores desde que a pandemia foi anunciada há um ano porque o vírus está com circulação ativa na cidade e tornou-se mais transmissível e com perfil de maior gravidade na população jovem. Por este motivo, eles defendem que os cuidados sejam redobrados enquanto a situação não estiver sob controle e a curva da doença esteja em descida.

 

Tahan lembra que o uso da máscara deve ser incentivado entre as crianças também, mas nas que conseguem manipular corretamente a proteção. “Crianças menores de dois anos de idade, por exemplo, não têm discernimento e maturidade para evitar levar as mãos na máscara e depois levar aos olhos. E não saber usar a máscara é mais perigoso e tem mais risco de contágio do que não usá-la. Entre dois e cinco anos de idade, o uso precisa ser supervisionado pelos pais. A partir dos 5 anos, passa a ser obrigatório de forma autônoma”, explica o especialista.

 

Outro cuidado indicado pelo médico é que a criança evite contato muito próximo com parentes de mais idade, como avós. Qualquer adulto contaminado deve manter o isolamento doméstico rigoroso, sem qualquer contato com os filhos, à exceção de mães que amamentam, estas sempre devem estar de máscara. “O isolamento respiratório, também chamado de quarentena, é fundamental para que o vírus não se propague dentro de casa”, finaliza.

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Alerta: cresce o número de crianças com Covid-19

O Hospital Pequeno Príncipe divulgou um “alerta de proteção à vida de nossas crianças”, nesta terça-feira (16 de março), em função do crescimento do número de crianças com Covid-19. Confira o texto na íntegra:

O Pequeno Príncipe, maior hospital pediátrico do Brasil, que há 100 anos cuida da saúde de crianças e adolescentes, vem manifestar-se publicamente para pedir às famílias que redobrem os cuidados com seus filhos e também à sociedade que se atente para a gravidade do momento da pandemia que estamos passando. A diversidade ambiental e étnica do Brasil, tendo a presença de diferentes cepas do vírus circulantes nesta fase incipiente da vacina, cria um ambiente propício e singular para a proliferação de mutações do vírus, de proporções nunca vistas, com impacto social, econômico e ambiental.

Muitas das ações corretivas deverão vir das esferas públicas, no entanto, é preciso que cada cidadão dê sua contribuição. O atual contexto mostra que: o sistema de saúde está com sua capacidade esgotada, os trabalhadores de saúde apresentam exaustão e há escassez de materiais médicos-hospitalares. A velocidade de novos casos ultrapassando o tempo para instalação de novas estruturas e a nova cepa circulante atinge a população infantojuvenil de forma ampliada, requerendo mais leitos por maior tempo.

Por outro lado, a pressão para a liberação das restrições sanitárias, bem como seu descumprimento por parte da população, tem exercido um papel dificultador no controle da pandemia. Não basta a luta das estruturas de saúde em se manterem ativas e funcionantes. É preciso que todos os setores da sociedade e os cidadãos percebam a gravidade da situação e se mobilizem para a superação da pandemia. Em especial, reduzindo a mobilidade humana, para conter a transmissão do vírus e reduzir os casos da COVID-19, aliviando também a pressão nos hospitais.

Sendo assim, recomendamos às famílias com crianças sob sua proteção que ajam com o maior rigor e consciência coletiva possível. Todas essas medidas não só protegerão seus filhos como também seus familiares e o restante da sociedade. Algumas dicas que podem ajudar: evitar o convívio familiar com pessoas que não residem no mesmo local; reforçar os cuidados diários de higiene e desinfecção da casa; não levar as crianças às compras, seja no supermercado, lojas de rua ou shoppings; priorizar o acesso às aulas remotas, retornando às aulas presenciais quando o cenário permitir; manter um ambiente domiciliar tranquilo e acolhedor para que as crianças possam enfrentar a pandemia com a devida proteção de suas famílias, adquirindo a consciência de que as restrições praticadas são por um bem maior.

Vale destacar a recomendação de atentar para os sintomas de seus filhos e não realizar automedicação, levando-os ao pediatra para evitar o diagnóstico e tratamento tardios com evolução desfavorável. Com essas medidas, estaremos cumprindo o papel de agentes de contenção do vírus e criadores de um novo ambiente com saúde planetária, possibilitando futuro para as novas gerações. Contamos com você e conte com a gente também!

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