COVID-19 e Eventos cardiovasculares

Em tempos de pandemia pelo coronavírus, conforme sinalizado pela nova Diretriz da Sociedade Europeia de Cardiologia (www.escardio.org/Education/COVID-19-and-Cardiology/ESC-COVID-19-Guidance), é de vital importância nos preocuparmos com a saúde cardiovascular da população brasileira.

Lembramos que o vírus SARS-COV2 é responsável por uma gama de alterações patológicas sistêmicas, não somente pneumonite viral, mas também miocardite, insuficiência cardíaca fulminante, eventos tromboembólicos sistêmicos (como obstruções coronarianas e de outros vasos como pulmões e membros inferiores), alterações do sistema imunológico, e arritmias graves associadas com as medicações em teste para o tratamento da COVID-19.

Lembramos também que grande parte da população de maior risco para o desenvolvimento de quadros mais graves pela infecção COVID-19 apresenta patologias cardiovasculares ou fatores de risco importantes para tais (como hipertensão sistêmica não adequadamente controlada, diabete melitus não compensada, obesidade e tabagismo).

Estas são as consequências diretas da infecção pelo SARS-COV2, todavia, devemos ter em mente as consequências indiretas desta pandemia: pacientes com sintomas cardiovasculares têm diminuído a procura por atendimento médico devido ao medo de contágio pelo coronavírus em serviços de saúde. Conforme a SBHCI (Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista), houve queda de 70% nos atendimentos a pacientes por infarto agudo do miocárdio (em comparação ao ano de 2019) e, conforme informações do Incor-FMUSP (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), houve queda de 50% no número de pacientes submetidos à angioplastia primária quando comparado com dados de 2019.

Podemos extrapolar estas informações também para os acompanhamentos ambulatoriais rotineiros, que apresentaram grande diminuição em comparação com períodos prévios à pandemia. Esta realidade tem preocupado a Sociedade Brasileira de Cardiologia, que disponibilizou uma ferramenta de teleconsulta para que os cardiologistas possam manter o acompanhamento dos seus pacientes e da população em geral durante a pandemia (www.telecardiologia.cardiol.br), inclusive com atendimentos voluntários gratuitos.

Assim, salientamos que os pacientes com fatores de risco cardiovascular ou doenças cardiovasculares conhecidas:

·      mantenham seus acompanhamentos com seus cardiologistas mesmo durante a pandemia;

·      mantenham o uso adequado das suas medicações cardiovasculares conforme prescrição médica (como tratamentos para hipertensão, infarto e diabetes);

·      procurem atendimento em serviços de emergência oportunamente (ou seja, não esperem para procurar atendimento médico em caso de dor torácica ou falta de ar), pois cada minuto de demora pode piorar a evolução de um infarto, arritmia ou insuficiência cardíaca;

·      busquem hábitos saudáveis mesmo durante o isolamento social (como alimentação saudável, evitar bebidas alcoólicas e tabagismo, realizar atividades físicas regulares dentro de casa, realizar atividades / hobbies que ajudem na saúde mental e afastem a ansiedade o estresse associado ao isolamento);

·      busquem informações respaldadas pelo Ministério da Saúde e pelas Sociedades Médicas, evitando Fake News, pois estas podem aumentar o risco para a saúde através de dados falsos;

·      mantenham sua vacinação em dia, conforme o Calendário Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde (pois já está comprovado cientificamente a proteção cardiovascular associada às vacinas).

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