Como prevenir a surdez?

Ainda há muito preconceito em relação à surdez e à perda de audição. A pessoa que vai perdendo a capacidade de ouvir nem sempre é compreendida ou mesmo recebe ajuda de outras. Existem vários motivos que acarretam na deficiência auditiva ou na perda dessa função em vários ciclos da vida. Mas como prevenir a surdez? Isso é possível?

Em 10 de novembro é lembrado o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez. A deficiência auditiva pode ter causas genéticas. Mas algumas motivações para seu surgimento podem ser prevenidas. 

A fonoaudióloga Cristiana Magni, especialista em Audiologia, mestra em Distúrbios da Comunicação e doutora em Genética, explica que os motivos para a perda auditiva são diferentes conforme as diferentes fases da vida, ou seja, na infância, juventude, vida adulta e na terceira idade. 

Existem fatores relacionados, por exemplo, ao momento do nascimento de uma criança. “Há causas para a deficiência auditiva que já verificamos na história da gestação, no nascimento ou logo após o nascimento do bebê. Verificamos os indicadores de risco da deficiência auditiva durante a entrevista com a mãe. É a chamada triagem auditiva neonatal, que é obrigatória por lei federal, em vigor desde 2010. No Paraná também há uma lei estadual anterior à legislação federal”, afirma Cristiana, que também atua como docente na área de seleção de adaptação de dispositivos de amplificação sonora.

Entre os motivos para a deficiência auditiva na infância estão causas genéticas; doenças virais ou bacterianas que a mãe possa ter tido; e o uso de certos tipos de medicamento por elas. “Ou ainda podem ocorrer problemas no nascimento. A prematuridade também é um fator para o desenvolvimento da deficiência auditiva, incluindo o baixo peso. O fato de a criança nascer prematura, mesmo que ela tenha peso acima de 1,5 quilo, mas ficou mais de cinco dias na incubadora, também se torna risco para deficiência auditiva”, explica a fonoaudióloga. 

Mesmo que não tenha sido detectado qualquer problema na criança no nascimento ou no período na UTI Neonatal, ela passa por um acompanhamento até o terceiro ano de vida. Isso porque possui indicadores para a deficiência auditiva, que podem surgir durante a primeira infância. 

Ainda nos pequenos, também há riscos a partir de doenças virais e bacterianas, como sarampo, ou aquelas relacionadas ao sistema imunológico, ou ainda medicações que a criança possa a vir tomar. “Outras causas são as infecções de ouvido, as famosas otites, recorrentes ou não tratadas corretamente”, comenta. 

(Foto: Freepik)

Como prevenir a surdez? Exposição ao ruído

Passar por todo esse acompanhamento na infância é fundamental. Mas, atualmente, a vida moderna faz com que toda a população fique mais exposta ao ruído. Não importa a idade. E os cuidados com essa exposição são essenciais para a qualidade de vida no momento e também no futuro. 

Cristiana lembra que, em outros momentos da história, a perda auditiva passou a ser relacionada ao trabalho, por exemplo. Tanto que uma série de medidas foi implementada nos ambientes corporativos para mitigar os problemas dessa exposição, como o uso de equipamentos de proteção individual. “No entanto, hoje também temos as perdas auditivas pela exposição ao ruído no lazer. Os jovens utilizam fones de ouvido e o volume não é baixo. Temos índices já de perda auditiva que começa precocemente na adolescência devido ao volume, e não pelo fone em si”, revela. 

Por isso, de acordo com a especialista, é necessário usar o fone de ouvido com responsabilidade. Ela diz que pode usar o equipamento, mas com moderação. 

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p class=”ql-align-center”>(Foto: Pixabay)

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Idade e surdez: perda auditiva sem escapatória

A fonoaudióloga ressalta que a perda auditiva acontece com o passar da idade, em especial depois dos 60 anos. Assim como ocorre uma degeneração do sistema nervoso como um todo, a habilidade de ouvir também é impactada com o envelhecimento.

Apesar de ser normal, a perda auditiva está sendo registrada cada vez mais precocemente. Pessoas com 50 anos já apresentam indicativos nesse sentido, resultado da influência de fatores ambientais, como a exposição ao ruído, estresse, fumo, alimentação e doenças crônicas (hipertensão e diabetes, por exemplo), juntamente com fatores genéticos. 

“É preciso ressaltar que nem todos podem ser candidatos a usar um dispositivo de amplificação sonora. Somente um médico otorrinolaringologista pode dizer se o paciente deve ou não usar aparelho, dependendo do grau. Não é preciso ter medo, até porque a tecnologia hoje em dia está muito avançada. Existem aparelhos auditivos extremamente bonitos esteticamente. Vale a pena procurar essa ajuda e passar pela adaptação, se for o caso”, reforça Cristiana.

De acordo com ela, o dispositivo é usado para prevenir a prevenção sensorial, ou seja, ajuda na continuidade do estímulo ao sistema auditivo. O aparelho se torna importante para que a perda auditiva não se acentue. “O objetivo é ter qualidade de entendimento. Se não existe isso, há prejuízo no social e para a nossa comunicação”, analisa.

Orientações: como prevenir a surdez

Evitar a exposição aos ruídos de forma desnecessária e usar equipamentos de proteção individual estão entre as recomendações. Em caso de sinais de perda auditiva, deve-se procurar o médico otorrinolaringologista. Ele fará uma inspeção no ouvido e poderá indicar uma audiometria, o exame que detecta o grau de audição. A partir disso é possível traçar estratégias. 

Esses sinais podem ser pedidos para repetir muito o que o outro fala, tanto na infância quanto no idoso. Outro sinal é o volume mais alto na televisão: para a criança, é até normal ouvir a TV com um som mais alto; para os mais velhos, percebe-se que aos poucos o volume vai sendo intensificado. “E quem convive com essas pessoas podem perceber esses sinais”, comenta a fonoaudióloga. 

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