O avanço da tecnologia e a globalização trouxeram inovações que, hoje, são grandes alicerces à qualidade de vida dos idosos. Nunca se viveu tão bem com longevidade, na avaliação do médico otorrinogeriatra Herton Coifman, do Hospital IPO, de Curitiba (PR). No entanto, é necessária a prevenção em casos de maior gravidade, como a surdez. Hoje, estima-se que 10% da população acima dos 40 anos de idade sofra de surdez, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A tecnologia atual permite diferentes tipos de próteses para prevenir casos assim – como o implante coclear, um dos mais eficientes e modernos na atualidade. Em casos de perda auditiva de leve a severa, é indicado o uso de aparelho auditivo, avalia o especialista.
“Apesar dos benefícios do século XXI, ainda há problemas em diagnósticos voltados à terceira idade”, considera Coifman, autor de livros sobre otorrinogeriatria, como um homônimo lançado neste ano. “Uma pesquisa recente, publicada pelo periódico Archives of Neurology, constatou que, a cada 10 decibéis de audição perdida em idosos, as chances de desenvolver demência aumentam em 27%”.
Na França, um outro estudo corroborou com essa informação: cerca de quatro mil pessoas, durante um longo período de 25 anos, foram analisadas e constatou-se que a grande maioria dos idosos que tinha perda auditiva e não buscava o tratamento adequado. A partir disso, os quadros de demência apareciam com mais frequência.
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Segundo o especialista, é comum ver casos em que não é procurada a reabilitação do paciente – isto é, a prevenção da surdez e, sim, soluções paliativas – que acabam conduzindo a casos mais graves de doenças. Este é o tipo de situação que pode ser evitada dentro da otorrinogeriatria.
“A perda de audição neurossensorial profunda bilateral, causada por danos no ouvido interno ou no nervo que liga com o cérebro, pode levar à cirurgia de implante coclear”, diz Coifman, que destaca o preconceito como um empecilho para a solução do problema. “Alguns idosos não aceitam que estão perdendo a audição. Mas fatores como doenças que levam a menor oxigenação da orelha – pressão alta, alterações hormonais ou diabetes – podem agravar não só a audição. A audiometria anual, a partir de 50 anos, é uma ótima forma de prevenção”.
“Isso ocorre devido a um declínio cognitivo”, diz Coifman. “O primeiro passo para evitar é reconhecer a necessidade de procurar um especialista como um otorrinogeriatra. No Brasil, há erca de 15 milhões de pessoas convivendo com esse problema, sendo que 12 milhões têm mais que 65 anos. Ou seja, na faixa de idade considerada idosa”.
