“Brasil precisa ser ágil na compra de vacinas contra varíola dos macacos”, diz farmacóloga da Unifesp

vacinas contra varíola dos macacos
(Foto: Freepik)

O Brasil precisa comprar mais vacinas contra a varíola dos macacos. É o que diz a professora Soraya Smaili, farmacologista da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, reitora da universidade no período 2013-2021 e coordenadora do Centro SoU_Ciência da universidade.

De acordo com o governo, a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) e a OMS (Organização Mundial de Saúde) vão destinar 50 mil doses da vacina contra a doença para o Brasil. Destas, 20 mil estão previstas para chegar em agosto e 30 mil apenas em setembro.

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Entretanto, segundo Soraya, se não forem adquiridas mais doses, há o risco de o país repetir os mesmos erros cometidos na pandemia de Covid-19. “A gestão sobre a situação atual é bastante deficiente novamente e atrasada”, afirma Soraya. “Há quase dois meses, vários especialistas têm falado aqui no Brasil sobre a necessidade de prepararmos o ambiente porque a transmissão do vírus iria se acelerar em nosso País. Vários acadêmicos e pesquisadores têm falado e as autoridades não tomaram as providências. Isso não foi levado em consideração pelas autoridades”, avalia também.

Na visão de Soraya, apenas agora que o Brasil é o segundo país em maior número de casos no mundo é que o Ministério da Saúde tomou a iniciativa de fazer um pedido de 50 mil doses de vacinas contra varíola dos macacos, que na verdade é uma quantidade insuficiente para cobrir as necessidades do Brasil. Além disso, mesmo que se aumente o número de doses, elas podem não ser suficientes para resolver a situação da transmissão agora.

“Ainda não sabemos como serão aplicadas estas 50 mil vacinas. Elas devem ser administradas principalmente nas pessoas com imunodeficiência, que são mais vulneráveis e que podem ter uma doença mais grave. Além disso, os profissionais de saúde que manipulam amostras ou que têm contato, também precisam ser vacinas. Está claro que as doses encomendadas não serão suficientes para atender, nem de perto, a necessidade do nosso país”, considera Soraya.

Transmissão

Também na visão da farmacologista, o Ministério da Saúde e os gestores dos Estados e Municípios devem fazer uma ampla campanha de conscientização sobre a transmissão. “Ainda há muitas coisas que são incertas, mas a campanha é absolutamente necessária, principalmente naquilo que a gente já sabe, que é a transmissão pelo contato de pele, contato próximo. Esta parte deveria ser mais bem clarificada pelas autoridades sanitárias para a população”, diz Soraya.

“É importante explicar sobre a transmissão pelo contato de pele e sobre os cuidados a serem tomados, que devem ser bem explicado para a população. Além de tudo, é preciso também não permitir que se crie um estigma de que é uma doença de homens que fazem sexo com homens. Isso não pode ser colocado dessa forma, pois a transmissão ocorre independente disto, então é errado que se pense que é uma doença restrita a um grupo social”, complementa.

Soraya explica que a terminologia que está sendo usada no Brasil para a doença é Monkeypox, em inglês. “Mas é importante que não fique marcado que os macacos seriam os causadores da doença, porque este virus também infecta seres humanos. Os macacos não são culpados de nada”, detalha.

* Informações da assessoria de imprensa

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