O último levantamento da Federação Internacional de Diabetes, realizado em 2019, revela um aumento no número de diabéticos. Houve uma alta de 16% em dois anos, atingindo 537 milhões de pessoas entre 20 e 79 anos de idade com diabetes em todo o mundo. A entidade estima que 643 milhões de pessoas possam ter a doença em 2030; 784 milhões em 2045.
O aumento no número de diabéticos acende alerta entre os especialistas, ainda mais após os impactos da pandemia de Covid-19, que não foram ainda mensurados. Diagnósticos represados, alimentação incorreta, sedentarismo e falta de acompanhamento médico correto potencializam o problema. A federação informa que a prevalência global da doença atingiu 10,5%, com quase metade (44,7%) sem diagnóstico.E muito mais pode estar por vir.
Leia também – Controle da diabetes e atividade física: cuidados
Leia também – Quais são os riscos da diabetes? Um perigo silencioso
“No ano em que comemoramos os 100 anos da descoberta da insulina, assistimos ao crescimento significativo da doença. É preciso mais esforços das políticas em saúde para orientar e passar informação sobre o diabetes”, comenta a endocrinologista Lorena Lima Amato, doutora pela Universidade de São Paulo (USP) e professora na Universidade Nove de Julho.
A presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes – Regional do Rio de Janeiro (SBD-RJ), a médica endocrinologista Rosane Kupfer, ressalta que o levantamento da Federação Internacional de Diabetes – realizado a cada dois anos – mostrou que o aumento no número de diabéticos supera proporcionalmente o crescimento da população mundial. E isto significa falhas de informação, acesso ao conhecimento, diagnóstico e tratamento de qualidade. Atualmente, um em cada 10 adultos tem diabetes. “E grande parte delas está em países de baixa renda”, destaca.
Aumento no número de diabéticos está ligado ao estilo de vida
Segundo Rosane, as causas da diabetes são diversas, mas chama muito a atenção o impacto dos hábitos e estilo de vida. “São péssimas escolhas alimentares que o mundo está fazendo, principalmente esse estilo de vida ocidental, onde se vê que está crescendo muito a obesidade. Muita gente com sobrepeso, muita gente com pré-diabetes, que é uma categoria de altíssimo risco para ficar diabética”, explica.
O acompanhamento com um médico e o diagnóstico precoce são fundamentais, pois a diabetes não apresenta sintomas. Alguns sinais podem servir de alerta, como sede e fome excessiva, aumento da frequência urinária, bem como infecções frequentes, fadiga, visão turva, diminuição e/ou perda de sensibilidade ou formigamento nos pés ou nas mãos, feridas que demoram muito para cicatrizar e perda de peso sem razão aparente.
Mas isto não significa que a doença não esteja causando danos ao organismo. Por isso a diabetes é considerada tão traiçoeira. As consequências de um diabetes mal controlado incluem problemas cardiovasculares, principal causa de mortalidade na doença; problemas na retina, podendo levar até mesmo à cegueira; problemas renais, cuja maior causa de diálise entre adultos é o diabetes; problemas arteriais nos membros inferiores; amputações; neuropatias. “Então, tratando cedo, precocemente, dificilmente a pessoa vai ter essas complicações”, afirma a médica.
As pessoas acima de 45 anos, que não apresentam fatores de risco, devem fazer um exame de glicemia anualmente. Quem possui histórico familiar deve redobrar a atenção. Outros fatores de risco são hipertensão, sobrepeso, obesidade e mulheres que tiveram diabetes na gestação. Nestes casos, o exame anual deve ser realizado a partir dos 35 anos.
* Com informações da Agência Brasil e assessoria de imprensa
Leia também – Diabetes: acompanhamento é essencial
Leia também – Diabetes: é possível controlar a glicemia comendo alimentos que gosto?