Atenção primária está entre as prioridades do serviço de saúde durante e no pós-pandemia

A Atenção Primária à Saúde (APS) também deve ser o foco do serviço de saúde ainda durante e no pós-pandemia, de acordo com especialistas preocupados com a parcela da população que deixou de frequentar as unidades básicas de saúde para suas consultas e exames de rotina. A retomada do fluxo deste atendimento está sendo discutida no Paraná, por meio de uma visita da equipe técnica da Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde na Secretaria de Estado da Saúde. O objetivo do encontro é um acompanhamento das ações que estão sendo realizadas e futuras iniciativas do cuidado integrado e dirigido à população dos 399 municípios.

O secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, ressaltou a importância da resposta rápida e efetiva quando se trata de Atenção Primária, já que é o contato inicial que a população tem com o serviço de saúde. “É importante a discussão sobre a retomada das ações nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), cuidar dos hipertensos, asmáticos, diabéticos, retomar consultas, atendimentos, a realização de exames como o papanicolau. É uma gama que são realizadas nos postos de saúde e que tem de ser retomados”, enfatizou.

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As equipes do Ministério da Saúde visitam algumas Unidades de Saúde de Curitiba e de Campo Magro, na Região Metropolitana, para acompanhar o atendimento e os serviços prestados aos pacientes, além de observar o manejo administrativo e técnico destas ações. “O Ministério tem feito essas agendas em cada um dos estados, pensando no contexto da Atenção Primária, como estão se organizando enquanto rede para responder do ponto de vista do acesso, acolhimento e também a continuidade do cuidado ao cidadão”, afirmou o técnico da Coordenação Geral de Garantias dos Atributos da APS, Webster Pereira.

Segundo a Secretaria de Saúde do Paraná, os repasses para a Atenção Primária à Saúde continuaram mesmo em meio à pandemia e à queda na procura por atendimento ou à necessidade de remanejar equipes para outras atividades. Além do foco em Atenção Primária à Saúde, o que está voltado muito à prevenção, o secretário Beto Preto destacou ainda três outros pontos importantes que devem ser retomados no Paraná: as cirurgias eletivas, a reabilitação dos sequelados da Covid-19 e a atenção forte e firme na saúde mental.

“Fizemos o lançamento do Saúde em Frente, que é um programa amplo com diversas ações para a continuidade e fortalecimento em várias áreas, com investimentos da Secretaria de Estado da Saúde e que também contempla fortemente as nossas intervenções na atenção primária, mostrando aquilo que foi feito e o que será projetado a partir deste novo cenário da pandemia”, disse a diretora de Atenção e Vigilância, Maria Goretti David Lopes.

Atenção Primária à Saúde: o impacto causado pela pandemia

Conforme dados da Sesa, houve uma redução de 48% na realização de procedimentos diagnósticos ambulatoriais e consultas entre 2019 e 2020. Quanto às cirurgias eletivas, em 2019, foram feitas 520.093 cirurgias eletivas e 1.924.696 cirurgias de urgência. Esses números caíram para 305.351 procedimentos eletivos e 931.326 de urgência em 2020. Neste ano, entre janeiro e junho, foram realizadas 147.208 cirurgias eletivas e 275.941 de urgência pelo SUS no Paraná.

Estes dados foram apresentados pela secretaria durante o “Webinar Saúde Debate – Qualidade de Vida e Pandemia: o impacto de ações e procedimentos de saúde adiados por conta da Covid-19“, realizado no final de agosto.

Um levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), divulgado em 13 de setembro, revelou uma queda de pelo menos 27 milhões de exames, cirurgias e outros procedimentos eletivos desde o início da pandemia. O conselho comparou dados de atendimentos médicos registrados no Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SIA-SUS) e realizados entre março (primeiro mês da pandemia no Brasil) e dezembro de 2020 com o mesmo período do ano anterior. E constatou uma redução de pelo menos 16 milhões de exames com finalidade diagnóstica, oito milhões de procedimentos clínicos, 1,2 milhão de pequenas cirurgias e 210 mil transplantes de órgãos, tecidos e células.

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