Além da incubadora: famílias de bebês prematuros precisam de atenção especial

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(Foto: Divulgação)

O nascimento prematuro de um bebê frequentemente envolve uma estadia prolongada na unidade neonatal, onde os recém-nascidos recebem cuidados intensivos. Essa situação pode ser extremamente estressante e emocionalmente desafiadora para os pais. Sentimentos como culpa, impotência e ansiedade extrema não são incomuns. As incertezas sobre a saúde do bebê e as demandas contínuas do hospital podem contribuir para altos níveis de estresse.

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A necessidade de um olhar mais cuidadoso à saúde mental de mães e pais que atravessam a jornada da prematuridade, muitas vezes, passa despercebida. Para mudar essa realidade e chamar a atenção a essa problemática, a Associação Brasileira de Pais, Familiares, Cuidadores de Bebês Prematuros (ONG Prematuridade.com) reforça a relevância da campanha Janeiro Branco, voltada aos cuidados com a saúde mental, especialmente no contexto do nascimento precoce.

A organização criou, em 2022, o Núcleo de Saúde Mental, que realiza encontros virtuais quinzenais em grupos, além de oferecer atendimentos individuais gratuitos com especialistas. Desde sua criação, aproximadamente 300 famílias já foram atendidas.

O contato com o Núcleo pode ser feito por e-mail (saudemental@prematuridade.com) ou por meio das redes sociais da ONG Prematuridade.com. Os profissionais recebem as demandas de pais e familiares de todos os Estados, que são direcionados ou para o grupo chamado “Histórias de Afeto”, composto por mães que perderam seus bebês, ou “Famílias de UTI”, que reúne mães e pais com bebês ainda internados na UTI neonatal.

“Certamente esse número de famílias atendidas crescerá pela conscientização que temos feito, inclusive neste mês. A família que vivencia o contexto da prematuridade precisa ser acolhida em todo o percurso. Além disso, as mães, muitas vezes, experimentam uma variedade de emoções complexas, como tristeza, frustração e, em alguns casos, até mesmo raiva”, diz Simone Dantas, uma das coordenadoras de Núcleo de Saúde Mental da ONG.

Segundo Simone, é possível que essa mãe tenha dificuldade em fazer vínculo com o seu bebê, uma vez que ela é temporariamente destituída de a função materna pelo fato do prematuro necessitar de cuidados intensivos da equipe neonatal. Neste sentido, o Núcleo de Saúde Mental desempenha um papel importante, permitindo que as mães compartilhem suas experiências e emoções, encontrem empatia e compreensão mútua e recebam orientações práticas para tornar essa caminhada um pouco mais leve.

“Os pais, em especial a mãe, vivencia uma roleta russa de emoções, porque ela tem contato com a vida e a morte o tempo todo. Não só referente ao seu bebê, mas outros prematuros que estão ali ao seu redor. São momentos de muita fragilidade e, com todas essas emoções, essa mãe pode desenvolver transtornos, como síndrome do pânico ou depressão”, diz Simone.

Por essa razão, compartilhar histórias e estratégias de enfrentamento pode ajudar as mães a se sentirem menos isoladas e mais capacitadas para enfrentar os desafios.

*Informações Assessoria de Imprensa