A exclusão no mercado de trabalho prejudica a saúde mental de pessoas com deficiência

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De acordo com o Censo 2022 do IBGE, 8,9% da população brasileira com 2 anos ou mais de idade tem algum tipo de deficiência. Isso corresponde a cerca de 18,6 milhões de pessoas. A Inklua, plataforma pioneira em recrutamento e seleção de pessoas com deficiência (PCDs), estende a inclusão ao mercado de trabalho. Desde 2014, a empresa já intermediou milhares de contratações, mas os números nacionais ainda refletem uma realidade dura: para muitos, a exclusão do mercado não é apenas uma barreira profissional – é um ataque à saúde mental.

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Sarah Pacini, consultora em diversidade da Inklua, fala sobre a dificuldade em incluir. “A sociedade trata a deficiência como uma tragédia pessoal, não como uma diversidade a ser incluída. Isso gera uma dupla carga: além de lidar com barreiras físicas e atitudinais, essas pessoas internalizam a culpa por ‘não se encaixarem’. O cérebro humano é moldado por interações sociais”.

Priscila Resende, consultora em diversidade e colaboradora da Inklua, não hesita ao descrever o cenário. “O trabalho é parte fundamental da vida humana. É por meio dele que construímos nossa identidade, desenvolvemos habilidades e encontramos propósito. Quando essas pessoas são excluídas do mercado, não perdem apenas oportunidades profissionais. Elas enfrentam também impactos profundos na saúde mental, como isolamento, frustração e baixa autoestima”.

O custo psicológico da exclusão

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que pessoas com deficiência têm 3 vezes mais chances de desenvolver depressão e ansiedade em comparação à população geral. No Brasil, uma pesquisa da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar, 2023) com 1.200 PCDs desempregadas mostrou que 68% relataram sentimentos de inutilidade e 54% sofriam de isolamento social crônico.

Sarah salienta as possibilidades para desenvolver a inclusão dentro de uma empresa. “A verdadeira inclusão começa quando trocamos o ‘eu não sabia’ por ‘me ensine’. Não se trata de ter todas as respostas, mas de estar disposto a aprender. Uma líder que pergunta ‘Como posso te apoiar?’ a um colaborador com deficiência não está só resolvendo um problema – está construindo uma cultura onde todos se sentem valorizados.”

Priscila Resende reforça o impacto social. “A exclusão constante reforça estigmas, enfraquece o senso de pertencimento e dificulta a construção de uma identidade profissional sólida. O preconceito e a falta de acessibilidade agravam ainda mais esse cenário, criando barreiras sociais e emocionais que poderiam ser evitadas”.

Dados que escancaram a exclusão

A Lei de Cotas (nº 8.213/91) existe há 33 anos, mas sua implementação é falha: apenas 34% das empresas brasileiras cumprem a cota de 2% a 5% de PCDs (RAIS, 2023). Nas vagas sênior, a presença de PCDs não chega a 0,3% (LinkedIn, 2024).

Sarah Pacini opina sobre os dados. “A diversidade humana é como um mosaico: cada peça carrega histórias e necessidades únicas. Quando falamos de pessoas com deficiência, precisamos ouvir essas vozes com ainda mais atenção. A inclusão verdadeira é aquela que acolhe todas as dimensões de uma pessoa, porque só assim criamos ambientes onde todos podem prosperar – não apenas sobreviver.”

A exclusão de pessoas com deficiência não é apenas uma violação de direitos, é uma ferida aberta na saúde mental de quem vive à margem de oportunidades, reconhecimento e pertencimento. A falta de acessibilidade, a invisibilidade midiática e o preconceito estrutural alimentam ciclos de ansiedade, depressão e baixa autoestima.

*Informações Assessoria de Imprensa