Com a chegada do verão, também chega a temporada de clima mais quente e úmido, ideal para o mosquito da espécie Aedes Aegypti, transmissor da Dengue e também de Zika e Chikungunya. Por isso, é tempo de reforçar a atenção em todo o Paraná, pois os números já estiveram altos durante o ano todo. Segundo levantamento do Ministério da Saúde, até o mês de novembro de 2020, o Brasil teve quase 1 milhão de casos de dengue. E as maiores taxas de incidência foram registradas nos estados do Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.
A nova campanha oficial do governo federal de combate ao mosquito foca no combate aos focos de proliferação do inseto. Tomar medidas para diminuir a circulação do mosquito é o maior desafio em um país do tamanho do Brasil. Especialistas avaliam que o inseto vem se adaptando bem à urbanização do país nos últimos 30 anos, e o uso cada vez maior de plásticos e outros utensílios que duram muito tempo na natureza antes de se decompor facilita o acúmulo de água propício à proliferação do mosquito transmissor.
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Trio de doenças
As três doenças transmitidas pelo Aedes são graves? Segundo Jaime Rocha, infectologista responsável pela Unimed Laboratório, sim, podem evoluir para quadros mais delicados. “A espécie Aedes Aegypti transmite, principalmente, três tipos de vírus. No caso da Dengue hemorrágica, por exemplo, o paciente pode morrer ou ficar com sequelas seríssimas. A Zika, já sabemos, causou inúmeros casos de microcefalia e ainda seguem estudo sobre seus efeitos. E a Chikungunya causa dores nas articulações que podem durar anos. Assim como a COVID-19, não há tratamento específico para estas doenças”, explica.
Rocha reforça que, com a chegada do verão, somada ao momento que vivemos, se antecipar aos problemas é a aposta mais certa. “A prevenção nunca foi tão importante, afinal a saúde já está sobrecarregada com a pandemia do novo coronavírus”, lembra.
Vacina contra a Dengue
Pesquisadores do Instituto Butantan desenvolveram a vacina “Butantan-DV” que teve os resultados dos testes clínicos fase 2 publicados esse ano. Existe uma vacina tetravalente (que combate os quatro sorotipos da Dengue) fabricada pelo laboratório francês Sanofi Pasteur e já licenciada para uso humano, a “Dengvaxia”. Ela foi recomendada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), mas apenas em pessoas que já tiveram contato com o vírus da Dengue. O próprio laboratório que a desenvolveu informou esse cuidado e para que seja utilizada como reforço. A pessoa precisa ter um teste sorológico positivo contra o vírus da Dengue antes de ser vacinada.
“As vacinas contra a Dengue têm particularidades que estão exigindo mais atenção do que se poderia prever. Por exemplo, uma pessoa infectada por um subtipo da Dengue fica protegida desse sorotipo, mas se infectada pelos outros subtipos pode desenvolver a dengue de forma mais grave. As similaridades genéticas dos vírus estimulam o sistema imune a produzir anticorpos que podem levar a reatividade cruzada”, esclarece Jaime Rocha.
Distanciamento social pode ajudar
Um dos protocolos preventivos ao novo coronavírus, o distanciamento social pode ser também aliado no combate ao mosquito. Isso porque as pessoas estão em casa por mais tempo, tomando conta, prestando mais atenção em possíveis focos em suas residências. E o cuidado se estende não é só à própria casa, mas em toda a vizinhança.
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