Saúde, tecnologia e economia precisam estar cada vez mais conectados para garantir a sustentabilidade do setor da saúde no futuro – e os movimentos precisam começar desde já. Essa foi uma das conclusões apresentadas durante a 4ª edição do Fórum UNIDAS – SP, em São Paulo, no dia 10 de agosto.
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Este ano, o evento reuniu operadoras de autogestão, representantes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e profissionais ligados ao setor, que discutiram amplamente as tendências e desafios da saúde suplementar, alinhados às transformações do mundo hoje, especialmente a digitalização e a inovação. Durante todo o dia, painéis com especialistas de diversas áreas do setor trouxeram um olhar plural e aprofundado sobre as demandas do Brasil na saúde suplementar – e, principalmente, como pensar em soluções sustentáveis do ponto de vista econômico, social e ambiental. No primeiro painel do dia, com o tema “Liderança transformadora para um sistema de saúde humanizado e sustentável”, Anderson Mendes, presidente da UNIDAS, ressaltou a importância de promover a união do setor com foco em oferecer um sistema de saúde melhor para todos. “De alguns anos para cá, as entidades estão se reunindo, analisando e sugerindo propostas para que o sistema se torne sustentável e de qualidade”, comentou.
Em seguida, Mendes mediou o primeiro painel do dia, com a participação de especialistas internacionais, na qual Patrícia Ellen, Brasil Partner at systemiq; Aya Earth, Bala Sridhar, PhD e especialista do NHS – Ministério de Negócios e Comércio do Governo Britânico, que debateram sobre a “Liderança transformadora para um sistema de saúde humanizado e sustentável: Como promover inovação em saúde e apoiar uma bioeconomia bem-sucedida?”. Patrícia destacou a importância da bioeconomia na sustentabilidade da saúde. “O gasto atual com a saúde representa quase 10% do PIB brasileiro e os custos com subsídios e investimentos são altos. Então, precisamos olhar cada vez mais para a transição ecológica porque inovação e sustentabilidade caminham juntos. Se investirmos na economia circular, no descarte correto, no uso da tecnologia como aliada na prevenção e no diagnóstico e, na integração alimentar, teremos redução de custos e maior entrega de metas importantes”, disse.
Ao destacar a importância da sustentabilidade na saúde, Sridhar reiterou que é preciso ver a saúde, a tecnologia e a economia como um todo. “Um dos assuntos mais debatidos atualmente é como chegar ao carbono zero e, aqui, destaco que uma opção é proporcionar assistência médica na residência de pessoa ou próxima a ela para não haver deslocamento”. Além disso, segundo ele, é preciso que as mudanças sejam acessíveis para que os tratamentos sejam rápidos e sustentáveis.
No Painel “Saúde digital: avanços e perspectivas para a ampliação do acesso em um sistema de saúde sustentável”, o tema foi debatido por Romeu C. Rodrigues, presidente do conselho de administração da DASA; Juliana Caires, gerente executiva de saúde e ciência da vida do Consulado Britânico,Bala Sridhar, PhD e especialista do NHS, com medicação de Marcos Souza, diretor de treinamento e desenvolvimento da UNIDAS -SP.
Sridhar iniciou o painel comentando que uma das maiores dificuldades da saúde é a acessibilidade econômica. “É preciso alinhar os custos. A palavra-chave é que todos os envolvidos colaborem para reduzir custos e economizar a pegada de carbono.” Já Juliana Caires trouxe a experiência internacional, destacando que, no Reino Unido, existe uma integração muito forte entre o governo, o setor privado e a parte acadêmica de pesquisa. “É um sistema que é muito baseado em pesquisa, em ciência, que investe muito nisso”, complementou.
O último painel da manhã contou com a presença de Renato Casarotti, presidente da Abramge – Associação Brasileira de Planos de Saúde; Vera Valente, diretora-executiva da FenaSaúde – Federação Nacional da Saúde, José Luis Toro, assessor jurídico da UNIDAS, com mediação de Fábio Bortolotti, diretor de comunicação da UNIDAS -SP, para debaterem “A insegurança jurídica e seus desafios para a sustentabilidade do setor – Impactos do PL 7419/06”. Vera abriu a conversa mencionando a importância de um olhar atento à Lei nº 14.454/2022, que estabelece critérios para que os beneficiários dos planos de saúde solicitem cobertura de procedimentos que antes faziam parte do chamado rol taxativo da ANS.
“O que aparenta ser benéfico para o consumidor pode ser maléfico para o setor e acabar sobrecarregando o SUS.” Já Casarotti ressaltou a importância de estabelecer uma comunicação efetiva com os beneficiários e assim como o presidente da UNIDAS no início do evento, reforçou a importância da união do setor. “Se a pessoa entra em contato com o plano de saúde, isso é bom, porque ela buscou informação antes de recorrer ao judiciário. Até porque, se continuarmos afastados enquanto setor, continuaremos sendo geridos pelo Congresso”, afirmou.
Na segunda parte do evento, à tarde, a professora Ana Maria Malik da, Fundação Getúlio Vargas (FGV), falou sobre Como transformar o setor de saúde através da liderança inspiracional? De forma descontraída e leve, ela comentou sobre a importância das soft skills, o planejamento e a gestão de conflitos que envolvem a liderança. No foco em saúde, ela ressaltou que é preciso ter resiliência para lidar com as questões cotidianas como diversidade, choque geracional, saúde mental, bem como questões organizacionais, cultura, política, turnover, remuneração e suporte social e psicológico aos funcionários.
Ricardo Ferreira apresentou os novos cursos do Campus UNIDAS, projeto desenvolvido em 2020 pela UNIDAS e que já capacitou 3612 alunos, somando as modalidades cursos de curta e longa duração, in company, pós-graduações e webinares.
A segunda palestra da tarde, sobre Liderança da saúde na era da transformação digital, teve a participação de Caio Soares, diretor médico da Teladoc Health e vice-presidente da Saúde Digital Brasil; Claudio Said, presidente da CASSI; e moderação da Cícera Carvalho, diretora administrativa e financeira da UNIDAS-SP. Caio destacou a mudança no setor com o crescimento da telemedicina, que veio como uma consequência inevitável da pandemia. “Quando pensamos em implantá-la nos deparamos com alguns desafios como a viabilidade econômica e a prescrição. Com a transformação digital, a telemedicina passou a ser reconhecida e encontramos novos desafios, como a capacitação das boas práticas, como gerar valor com ela e, como ter profissionais preparados para essa nova modalidade. Ficou claro que é preciso aprender com o novo, conectar os serviços à saúde dos pacientes e mais do que isso ensinar os usuários dos novos sistemas a usá-los da melhor maneira possível”, completou.
O Fórum também contou com apresentações dos cases do Laboratório Fleury, Hospital Nove de Julho e do Geriatrics Premier. O encerramento foi feito por Cícera Carvalho, diretora administrativa e financeira da UNIDAS-SP.
*Informações Assessoria de Imprensa