Desde o início da pandemia, diferentes levantamentos vêm mostrando que o tabagismo cresceu neste período. Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado em agosto de 2020, apontou que 34,3% dos fumantes entrevistados passaram a consumir mais cigarros durante o isolamento social. No entanto, a preocupação com os fatores de risco à Covid-19, como doenças cardiovasculares, também motivou muitas pessoas a começar o processo para deixar o cigarro.
A Organização Mundial da Saúde, no Dia Mundial Sem Tabaco – lembrado em 31 de maio -, alerta sobre a necessidade de parar de fumar da pandemia, apesar do contexto de maior ansiedade que pode levar muitas pessoas a aumentar o número de cigarros ao dia. A entidade traz as “100 razões para parar de fumar”, como uma forma de motivar e sensibilizar os tabagistas.
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Entre os motivos estão a mudança na aparência; como os produtos de tabaco e nicotina colocam os tabagistas e seus familiares e amigos em risco; as consequências sociais negativas; as consequências para a saúde – o tabaco pode causar mais de 20 tipos de câncer, além de problemas no coração. Até mesmo o custo para comprar os cigarros foi elencado pela OMS como um motivo para deixar de fumar.
Essa também é uma das razões que levou o aposentado José Benedito Neves, de 71 anos, a procurar ajuda para deixar o cigarro após décadas como fumante. Além de perceber o peso do custo do cigarro, os filhos e netos também exerceram uma forte influência para que ele fizesse essa tentativa. “Eles jogavam meus cigarros fora. E continuam pegando no meu pé”, conta. Neves acredita que parar de fumar pode também trazer benefícios para a saúde e aumentar o tempo de vida.
Até mesmo os adesivos de nicotina, para tentar auxiliar nesse processo, ele tentou usar, mas não conseguiu se adaptar bem. “Consegui diminuir um pouco a quantidade de cigarros que eu fumo, cerca de 30% do que eu fumava antes. Quero parar de vez, mas é muito tempo fumando. Sei que depende de mim, mas também vou precisar de ajuda, de algum tipo de remédio. Já percebi isso”, relata.
Assim como Neves tem tentado parar nesse momento, outras pessoas também estão, apesar dos efeitos da pandemia de Covid-19 na saúde mental. O Instituto Nacional do Câncer (Inca), em 2021, lançou a campanha “Comprometa-se a parar de fumar na pandemia de Covid-19”, também como forma para mostrar a importância de olhar para isso, mesmo durante esse período.
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A coordenadora da área de promoção de saúde da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, Elaine Cristina Vieira de Oliveira, destaca que a pandemia gerou um alerta para os tabagistas em função dos riscos para o agravamento da Covid-19. Além disso, o tabagismo já era um fator de risco para várias doenças crônicas, como as cardiovasculares e diferentes tipos de câncer. “As pessoas que cessam o tabagismo têm um ganho na expectativa de vida. Têm ganhos que podem repercutir na sua sobrevida, diante de tantas doenças. Para a pandemia se mostrou um complicador, mas não é apenas a Covid-19”, afirma.
Os últimos dados do Vigitel – Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), promovido pelo Ministério da Saúde – mostram que a incidência de fumantes entre a população chegou a 9,8% em 2019. Mas a quantidade de fumantes vem caindo: a redução chega a 38% em 14 anos.
“Diminuir esses números ainda mais representaria mais qualidade de vida para essas pessoas. Além disso, haveria redução da mortalidade pelas doenças que mais matam. O tabagismo é um fator de risco totalmente modificável e que influencia muitas doenças. Por fim, também haveria um impacto muito grande nos custos da saúde. Estimativa do INCA aponta que o gasto com as doenças causadas pelo tabagismo chega a R$ 125 bilhões ano ano no país”, comenta Elaine.
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