No dia 27 de agosto comemoramos o dia nacional do/a psicólogo/a.
A data se dá pelo fato de que dia 27 de agosto de 1962 foi assinada a lei Federal nº 4.119 regulamentando a Psicologia como profissão.
Hoje, em nosso país, somos mais de 440 mil profissionais exercendo a profissão, podendo atuar nas mais diversas áreas: na clínica, na escola, organizacional ou do trabalho, no esporte, na área forense, nas políticas públicas, nos hospitais, no trânsito, enfim em todos os contextos em que a psicologia pode estar inserida.
Lembrando que a psicologia, além de profissão, também é uma ciência, pois realiza diversos estudos e pesquisas acerca do funcionamento psíquico, cognitivo, comportamental e emocional do ser humano. E é a partir desse embasamento científico que pautamos nossa atuação.
Contudo, ainda há muito preconceito em torno dos cuidados com a saúde mental.
Já avançamos, mas há muito ainda a fazer e construir.
A psicologia vem ganhando mais visibilidade nos últimos tempos, assim como a importância quantos aos cuidados também com a saúde mental, não somente a física, muito embora ambas estejam contidas uma na outra.
Um exemplo dessa visibilidade ocorreu com a pandemia do Covid-19. Psicólogos e psicólogas estiveram atuando na linha de frente, dando suporte emocional às famílias que perderam seus entes, pacientes que precisaram ficar isolados, equipes de saúde sobrecarregadas.
Devido ao crescente número de mortes e alta prevalência de contaminação pelo vírus foi instituído, pelos órgãos responsáveis, o isolamento e distanciamento entre as pessoas. Muitas atividades foram suspensas, escolas foram temporariamente fechadas, o trabalho passou a ser em home office em grande proporção e isso tudo foi gerando muito medo e ansiedade na população. Vemos reflexos e impactos disso até hoje.
Foi um cenário que ou principiou quadros intensos de ansiedade, depressão, síndrome do pânico, ou intensificou quadros já instalados, necessitando de acompanhamento profissional.
Com isso foi sendo percebido mais a necessidade para com os cuidados da saúde mental e psicólogos e psicólogas assumiram papéis importantes.
Isso sem mencionar a questão dos rituais de despedidas que não puderam ser realizados, pois os velórios não podiam acontecer trazendo mais sofrimento e possíveis processos de luto complicados ou prolongados. Lembrando também da exaustão física, mental e emocional dos profissionais de saúde envolvidos.
Essas foram algumas situações que colocaram o profissional de psicologia num lugar de bastante importância e necessidade. Os atendimentos online então vieram com bastante força, pois encontros presenciais para as sessões não estavam permitidos.
Assim, pouco a pouco os cuidados com a saúde mental vem ganhando mais espaço para discussão e esclarecimento.
Durante muito tempo, e hoje ainda acontece, pessoas não diziam que iam à sessão de psicoterapia com medo de julgamentos os quais pudessem sugerir ou classificá-las como pessoas com algum transtorno.
Há ainda muito preconceito, o qual temos combatido de forma ética e responsável, com informação e partilha de conhecimento.
Nesses mais de 60 anos de regulamentação da profissão em nosso país, tivemos alguns avanços, mas o trabalho não para. É preciso que a profissão seja cada vez mais reconhecida e que as pessoas tenham mais acesso a serviços de cuidados com a saúde mental e emocional.
É preciso mais investimentos por parte tanto da iniciativa pública quanto da privada em recursos humanos para se levar a atuação da psicologia para os diversos espaços e para toda a população. Da mesma forma que dar continuidade a tramitação relativa à instituição de piso salarial e carga horária máxima para a categoria, que apesar dessas 6 décadas de regulamentação, ainda não alcançamos.
Por isso da importância de celebrar essa data. Ganham os profissionais da área e ganha a população, que por direito precisa ter mais acesso ao trabalho dos psicólogos e psicólogas espalhados pelo Brasil a fora.
* Jociane Casellas é psicóloga formada pela Universidade Tuiuti do Paraná em 2000. Pós-graduada em Psicologia Clínica com ênfase na abordagem Sistêmica (UTP). Pós-graduada em Psicologia Hospitalar (HC-UFPR). Pós-graduada em Psicologia Transpessoal (FIE). Especialista em Cancerologia pelo programa de residência multiprofissional do Hospital Erasto Gaertner e Ministério da Saúde. Mestre em Bioética (PUCPR). Atuante em Cuidados Paliativos. Trabalha na área da saúde tanto na assistência como na docência, com temas sobre morte, luto, humanização, cuidado integral, comunicação em saúde. Confira outras colunas de Jociane Casellas clicando aqui Conheça também os demais colunistas do portal Saúde Debate. Acesse aqui.