Em abril de 2020, a coluna citava o primeiro ministro britânico Boris Johnson, que utilizou serviços públicos de saúde para tratar-se da Covid-19 (Boris Johnson e a APS).
Na coluna de junho de 2020 citava os 500 mil mortos no mundo tragados pela doença pandêmica (500 mil mortos – é só mais um número?).
Nesta semana de setembro, somente no Brasil, os números indicavam 138.108 óbitos e 4.591.604 diagnósticos positivos do Coronavírus. Números inacreditáveis que superam qualquer estimativa. O mundo já convive com mais de 950 mil mortes e mais de 30 milhões de infectados… e aí, quem se importa com a conta?
Afinal, estamos quase voltando à normalidade, com bares e restaurantes nos maiores centros urbanos do país cheios, lotados, festas acontecendo de forma camuflada, digníssimos e insignes representantes do poder da República desfilando sem máscaras, promovendo aglomerações sem nenhum respeito aos cuidados básicos, praias repletas de gentes de todos os naipes, ruas e estradas por vezes congestionadas… quem se importaria com 138.108 mortos se não afetam seus afazeres, digamos, compensatórios do isolamento social que teima em não acabar? 138.108 mortos, um número, só isso, que não me diz respeito enquanto não acontecer entre meus familiares e amigos, companheiros de jornadas etílicas e praieiras! 138.108 mortos, apenas um número como 56 milhões do prêmio de uma loteria qualquer ou o salário dos impolutos políticos nacionais.
As Américas transformaram-se no maior foco da pandemia. Estados Unidos a frente no número de infecções e mortes, conduzido por um doidivanas que não vê problema nenhum em usar a doença como plataforma política na campanha da reeleição. Estamos falando dos Estados Unidos, não de um certo país sul-americano, cuja capital não é Buenos Aires.
Enquanto isso, a Europa começa a sentir o repique de novas infecções, depois de um período de relativa calmaria. Itália, Espanha, Portugal, Reino Unido… que maldição é esta lançada sobre o continente? Ora, o verão europeu também permitiu praias lotadas, jovens de todos os lados do espaço Schengen lotando areias e bares desde Barcelona à Santorini, das Baleares à Croácia, de Marbella ao Algarves. Uma mistura, uma miscigenação, um envolvimento, um contato social que só poderia resultar em mais contaminação e óbitos, certo de que não aos níveis do pico da pandemia, entre março e maio, mas números preocupantes. E, pior ainda, não temos resultados efetivos das várias vacinas em desenvolvimento e testes ao redor do mundo! Oxalá no início de 2021 possa se concretizar o uso de alguma vacina aprovada!
Plaža (praia) Zlatni Val em Zadar, Croácia (Foto: Acervo Gilmar Rosa)
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p class=”ql-align-center”>Parque Biossaudável com vista da Ria Formosa em Faro, Portugal (Foto: Acervo Gilmar Rosa)
E Boris Johnson? Bom, o descabelado primeiro ministro está jogando duro para implantar restrições que possam conter o novo surto do coronavírus nas ilhas de Sua Majestade. Assustado, (ou seria só pela aparência de seu branquíssimo e despenteado cabelo?), no último dia 22/09, Boris foi ao Parlamento para apresentar as novas regras com as quais espera poder controlar a propagação do vírus, incluindo multas, porque os números de internações hospitalares e de contágios por coronavírus estão em elevação no Reino Unido. Espera-se, com tais regras, não haver necessidade de recorrer a instauração de lockdown na ilha, o que atingiria profundamente a economia britânica.
Enquanto isso, 138.108 mortos repousam no solo da pátria mãe gentil, esquecidos e suprimidos de toda manifestação oficial por parte de um governo mambembe.
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