Segundo a Federação Internacional de Diabetes (IDF), o Brasil é hoje o 5º país do mundo com maior incidência de diabéticos. São cerca de 16,8 milhões de pessoas com a doença, ficando atrás apenas da China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. A estimativa da IDF é que em 2030 cerca de 21,5 milhões de brasileiros tenham o problema, que pode desencadear, entre outras coisas, graves problemas na visão. Estudos científicos apontam que 40% dos portadores de Diabetes desenvolveram alguma alteração oftalmológica. Entre as principais, estão o Glaucoma, Retinopatia Diabética e a Catarata.
O oftalmologista do Hospital de Olhos do Paraná, Leonardo Dias, afirma que o Diabetes precisa primeiro ser diagnosticado, e depois, controlado de forma adequada. Caso isso não ocorra, a visão pode ser afetada. “O Diabetes fora de controle pode provocar alterações em diversas estruturas oculares. Tais alterações podem ser imediatas, como o aumento da espessura da córnea pela hiperglicemia, provocando uma miopia transitória, ou mais tardias, como edema na região macular (centro da retina), sangramento intra-ocular, descolamento de retina tracional e até um tipo de glaucoma muito grave (glaucoma neovascular)”, explica o oftalmologista.
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Para evitar esses problemas na visão, o oftalmologista aconselha que os diabéticos façam o controle adequado da doença. “É muito importante que os pacientes façam o controle clínico do Diabetes com o médico generalista ou endocrinologista, tomando a medicação prescrita e também adotando hábitos de vida mais saudáveis, como uma alimentação balanceada e a prática de atividades físicas. Também é importante visitar um oftalmologista periodicamente, no mínimo, uma vez ao ano”, aconselha Dias.
Doenças na visão causadas pelo Diabetes:
Glaucoma – Degradação do nervo óptico, normalmente associada ao aumento da pressão intraocular (pressão dentro do olho). Há, porém, casos de pessoas com pressão ocular normal que podem ter glaucoma. O nervo óptico é responsável por captar as informações que enxergamos e transmiti-las ao cérebro.
Retinopatia diabética – Caracterizada por alterações nos vasos da retina, região do olho responsável pela formação das imagens enviadas ao cérebro. O problema ocorre quando o excesso de glicose no sangue danifica os vasos sanguíneos dentro da retina. Os primeiros sintomas incluem borrões, áreas escuras na visão, dificuldade de distinguir algumas cores e perda da visão central ou periférica.
Catarata – Consiste na perda progressiva da transparência da lente intraocular, chamada de cristalino. O paciente vê imagens embaçadas e esfumaçadas, como se a visão estivesse coberta por uma névoa. O único tratamento possível é a cirurgia, capaz de restabelecer totalmente a visão.
(Foto: Freepik)
Cuidados com os pés
O diabetes também pode acarretar em outros problemas. Entre eles está o Pé Diabético que, se não tratado corretamente, pode trazer sérias consequências ao portador. Denomina-se Pé Diabético a presença de infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos profundos associados às anormalidades neurológicas e a vários graus de doença vascular periférica em pessoas com Diabetes Mellitus (DM).
A cirurgiã vascular e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), Rina Maria Pereira Porta, alerta que os pacientes com diabetes que têm maior risco de lesão e complicações mais graves nos pés são os que apresentam as seguintes alterações:
A médica também ressalta que toda pessoa com diabetes deve ter o exame clínico realizado ao menos uma vez por ano por profissionais habilitados. “A ausência de sintomas em pessoas com diabetes não exclui a doença, elas podem apresentar neuropatia assintomática, doença arterial periférica, sinais pré-ulcerativos ou mesmo uma úlcera”, diz a cirurgiã.
Ainda, segundo ela, pessoas com diabetes têm menor imunidade e apresentam maior risco de infecção. “Muitas vezes, a infecção se torna generalizada e ocasiona febre, taquicardia e a piora do estado geral, principalmente se o diabetes estiver descontrolado”, afirma.
Os cuidados mais importantes para evitar complicações são: o controle dos níveis de glicemia e do peso; realização de atividade física; cuidados de higiene; hidratação da pele e cutícula; corte adequado das unhas; examinar os pés diariamente com atenção ao aparecimento de qualquer ferimento e procurar ajuda de um profissional de saúde rapidamente ao identificar um problema.
A médica explica que as unhas não podem ser feitas por conta própria ou por qualquer pessoa, mas por um profissional especializado. Outro ponto importante que a especialista sinaliza é que a pessoa com diabetes não deve andar descalço mesmo dentro de casa ou na praia, e nunca usar sapatos “moles”, de pano, borracha ou de solado flexível e fino. Os sapatos devem ter o solado antiderrapante, proteger e acomodar bem os pés e serem usados com meias de algodão, sem costura, cano alto e cor clara.
O pé que não está com lesão também precisa de atenção especial porque acaba sendo sobrecarregado, servindo de apoio e frequentemente ferido em pouco tempo. Quando uma pessoa está com um ferimento no pé, ela deve utilizar uma muleta, andador ou bengala para auxiliar a locomoção, e não pular sobre um pé só, porque isso aumenta o risco de quedas, sobrecarga, atrito ou entorse e lesão.
* Com informações das assessorias
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